segunda-feira, 31 de maio de 2010

Restaurantes em Lyon: Brasserie Nord

O restaurante seria digno de cinco estrelas não fosse a minha mania de não ver muita graça naquilo que todo mundo adora. Conceituado, elegante e caro, a Brasserie Nord não me conquistou totalmente. A qualidade dos alimentos é indiscutivelmente muito boa, tudo fresco: peixes, verduras, legumes (até a famosa agua de torneira servida em todos os restaurantes da França, parecia mais fresca la), mas não gostei do jeito impaciente dos garçons. Deve ser meu inconsciente. Quando vou a um lugar baratinho e sem muita frescura, não espero muito dele. Muitas vezes acabo me surpreendendo. Acho que nesse caso, minhas expectativas eram altas demais.

Ja falei aqui que existem em Lyon cinco brasseries do Bocuse (o tal chef cuja escola de culinaria vai me deixar 100 mil reais mais pobre a partir do ano que vem). São opções acessiveis para quem sonha experimentar menus elaborados pelo chef mais famoso do mundo, sem gastar demais. Em cada brasserie, cardapio e conceito diferentes. No Nord a especialidade é a cozinha de tradição.

O 'menu do dia' até que não pesa tanto no bolso, 19,90€ pela entrada + prato ou prato + sobremesa e 21,80€ pela entrada + prato + sobremesa. So é preciso sorte para comer os pratos mais gostosos que entram na promoção (cada dia são oferecidos 3 diferentes). Quando fomos, tivemos azar. Nossas opções eram rim de vaca com mostrada (Fricassée de rognons) ou figado de boi cozido (Foie de veau poêlé). Fala sério, né? Não desce! O jeito foi fazer os pedidos fora do 'menu do dia', resultado: 2 entradas + 2 pratos + 2 sobremesas, vinho e refrigerante = 98 €. Ui!

Entradas:

Salade de Chèvre et Avocat
(salada com folhas verdes, queijo de cabra e pedaços de abacate)


Soupe à l'Oignon Gratinée
(sopa de cebola gratinada)

Pratos:

Panaché de Filets de Poissons du Marché Grillés à la Plancha
(filés de varios peixes grelhados com batatas e espinafre)



Quenelle Mousseline de Brochet Sauce Nantua
(massa com sabor de peixe e molho de frutos do mar)

Sobremesas:

Meringues Légères, Glace Vanille et Chantilly
(suspiro com sorvete de creme, calda de chocolate e chantilly)



Baba Gourmand aux Fruits Frais
(pão doce aromatizado ao rum, com chantilly e frutas frescas)



Léo gostou de tudo o que pediu e eu gostei muito da sopa de cebola gratinada que comi de entrada e da minha sobremesa de suspiro com sorvete de creme e chantilly, que ja voltei outras duas vezes para saborear. Ainda que para mim o céu não se pareça muito com a experiência gastronômica que tive na Brasserie Nord, acho que vale a pena comer la pelo menos uma vez na vida. Principalmente os turistas que estão planejando uma visita à Lyon. Seria como viajar à Paris e não conhecer a Torre.


Brasserie Nord
18, rue Neuve (Linha A do metrô, estação Hôtel de Ville)

tel: 04 72 10 69 69






Para conhecer outros restaurantes em Lyon, clique aqui.  

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A complexa relação entre um telefone e uma expatriada

Eu tenho pânico de telefone - pelo menos aqui na França. Arrisco dizer que atender o telefone é uma das tarefas mais dificeis para quem vai morar fora, principalmente para os lesados que, como eu, saem do Brasil sem conhecer nada do idioma falado no pais de destino. Para ser mais justa, eu falava abajur, petit gateau e baguete. Quantas frases você consegue formar com essas palavras? Não muitas, provavelmente.

Uma vez a vizinha tocou a campainha e eu, que estava na cozinha lavando a louça, congelei. Fechei a torneira e fiquei imovel, para ela pensar que não tinha ninguém em casa. Que sentido teria abrir a porta se eu não entenderia bulhufas do que ela ia dizer?

Teve também o dia que o interfone tocou insistentemente por uns 15 minutos. Eu andava agoniada de um lado para o outro da sala, pensando se atendia ou não. Estavamos esperando uma encomenda que vinha pelo correio, então imaginei que fosse o carteiro. Mas eu não sabia como perguntar quem era e, mesmo se soubesse, provavelmente não entenderia a resposta. Avaliando os estragos que a situação poderia causar, acabei ignorando o tiozinho. Pobre do Léo, que teve o maior trabalhão para localizar o pacote depois.

Agora ruim, ruim de verdade, é o telefone. Não sei o porquê, mas o daqui de casa toca muito. A cada ligação, um buraco se abre no meu estômago - me sinto uma foragida da policia. Onde ja se viu terr medo de telefone?

Um belo dia ele tocou e eu atendi - acidentalmente claro. Pensei que fosse o Léo, pois tinhamos acabado de nos falar (e ele sempre liga de volta porque tem o habito de esquecer alguma coisa). No impulso eu disse: "Oi amor", so o que não era o amor e sim uma vendedora qualquer procurando por ele. Bom, pelo menos foi isso que eu consegui entender. Cuspindo meias palavras, expliquei que ele so chegava às 19h. Ela agradeceu e desligou.

Eis então que liga a moça da imobiliaria. Entendi que era da imobiliaria porque em francês a pronuncia é muito parecida com o português, depois não entendi mais nada. A danada falava rapido como um cometa e, para piorar, estava brava. Pesquei uma palavra ou outra mas nada que desse sentido a uma frase completa. Depois de pedir para ela falar devagar dezenas de vezes, sem sucesso, desisti e desliguei na cara dela. Ela ligou de volta e eu, claro, não atendi. Mais uma vez sobrou para o Léo, que se desculpou mais tarde colocando no nosso telefone velhinho a culpa pela queda da ligação.

Cara a cara é outra coisa. Se o fulano não entender, é so apelar para os gestos ou apontar. Falar ao telefone e depender exclusivamente das palavras ainda é um pouco complicado para mim. Graças ao maldito friozinho na barriga, que insiste em me caminhar ao meu lado nessa dura batalha, desisti de atender as ligações aqui de casa. Os que me ligam sem sucesso, agora ja sabem o porquê.

domingo, 23 de maio de 2010

Metallica em Lyon

Eu nasci no tempo certo. Nasci no tempo do Metallica, do Nirvana, do Iron Maiden, do Guns. Nasci a tempo de conhecer musica boa. Por causa desses cabeludos metaleiros, minha adolescência foi mais bacana. Um outro cabeludo também contribuiu muito para a minha felicidade aos 15 anos, com paixão e musica. Quando namorei o Léo pela primeira vez, em 1996, ele tinha os cabelos grandes, dois brincos na orelha esquerda e fazia cover das melhores bandas de rock quando se juntava para tocar com os amigos. Nunca faltavam Enter Sandman, Nothing else matters nem Fade to black no repertorio.

Hoje, o Metallica acordou Lyon. A cidade, geralmente morta aos domingos, recebeu a banda que marcou a minha vida e a do Léo. Pudemos escutar todas essas musicas mais uma vez.

As performances incriveis de James Hetfield e companhia me fizeram voltar no tempo. A pegada continua forte e eles ainda são os melhores. Não fossem as ruguinhas do James, eu nem me daria conta de que passaram-se tantos anos.

Se ele não é mais o mesmo, eu também não sou. O tempo passa na mesma velocidade para todo mundo - embora uns o aproveitem melhor que outros. Ja não tenho o mesmo fôlego para pular duas horas sem parar nem para sacudir a cabeça durante os solos de bateria. Mas não fui so eu quem perdeu o pique. Poucos arriscaram tirar os dois pés do chão. A maioria balançava gentilmente a cabeça enquanto tocava suas guitarras imaginarias.

Dei falta dos pirralhos cabeludos e cheios de espinhas que eu costumava encontrar nos shows de rock 10 anos atras. Ao meu redor, so tiozinhos barrigudos, com sapatênis nos pés e uma tatuagem ou outra meio apagada nos braços. Também vi muitos protetores de ouvidos, mas isso eu acho que é frescura de francês, ja que nunca vi no Brasil alguém se atrever a ir a um show de metal protegendo as orelhas.

Tanto sapatênis significa que o rock esta envelhecendo. Quando lembro que no MP4 do meu sobrinho, de 14 anos, tocam as musicas que estão na novela das oito, isso fica ainda mais evidente. Outro dia perguntei se ele queria vir para a Europa em outubro para ir conosco ao show do U2 em Roma e ele me perguntou quem era U2. Eu quis morrer! Meus idolos não são os dele e parte da culpa é minha, que permiti que os lixos modernos tomassem conta dos ouvidos do menino. Existe tanta porcaria por ai que tem ficado cada vez mais dificil apertar o play. Ainda bem que os "velhotes" seguem firmes e fortes (uns nem tão firmes assim) na estrada. Apesar de me lembrarem que eu também estou envelhecendo, eles mantêm viva de alguma forma a menina que colecionava posters nas paredes do quarto.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

We'll always have Paris

Hoje faz um ano que eu desembarquei em Paris pela primeira vez.

Também foi ha um ano que o Léo e eu nos beijamos pela primeira vez, 13 anos depois que nos beijamos pela ultima vez.

Paris, beijos, Leonardo... alguns recebem mais do que esperam.

Ainda bem!







Paris estara sempre la para nos dois. Que os nossos beijos sigam pelo mesmo caminho,

Amo você!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Virei babá

Pois é, aquela historia de virar amiga de aluguel não rendeu muito. Ou não existem muitos interessados em conhecer Lyon ou a ideia é de girico mesmo. O jeito foi ir atras de um outro trabalho de verão. Aqui tem essa: emprego de verão. Chique né? Deve ser porque durante os unicos 3 meses do ano onde o sol da as caras, ninguém pensa em pegar no batente. Sobram vagas enquanto falta mão de obra. Até quem esta desempregado prefere se manter no vermelho do que trabalhar em junho, julho e agosto. Tudo para aproveitar os dias quentes e lindos que as ferias oferecem.

Eu até curto saber que ja ja os termômetros vão marcar 40°C e que o sol vai brilhar até as dez da noite, mas não sou tão criativa assim para inventar atividades interessantes que ocupem os mais de 100 dias de ocio que estão por vir. Também não sou tão folgada para ficar na malandragem por tanto tempo (50 dias? Ok, me viro, mas 100? Não da). Então, enquanto espero minhas aulas recomeçarem, em setembro, vou cuidar dos filhos dos outros.

No intuito de aproveitar tudo o que o primeiro mundo me oferece de bom, não deixei passar a oportunidade de ganhar praticamente o mesmo que eu ganhava no Brasil como jornalista. A diferença é que aqui eu trabalho 3 horas por dia e ao invés de aguentar aquele discurso repetitivo e chato de boleiro, eu dou banho nas crianças, busco-as na escola e brinco de esconde-esconde. As necessidades jornalisticas eu vou suprindo com o blog...

Quem me conhece deve estar achando que eu estou de sacanagem, né? Eu + duas crianças, juntas e sozinhas no mesmo ambiente por mais de dez minutos? Mas é verdade. O Léo quer tanto um bebê, que antes de arriscar decidi brincar com o fogo para ver se ele queima. Além disso, o casal de amigos que me indicou para a vaga jura de pés juntos que o dialogo diario com uma criança de 4 anos e outra de 8 sera de grande valia para o aprimoramento do meu francês. Tem dado certo, o pequeno ainda não quebrou o braço, a garotinha ainda não botou fogo na casa e eu morta, estou indo dormir... amanhã é quarta-feira e graças a algum infeliz que decretou, ha centenas de anos, que na França as crianças não devem ir à escola nas quartas, minha jornada vai ser longa e pesada.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Se depender da alma do negócio...

Sabe aquele papo de que confiança em excesso pode colocar tudo a perder? Ou os franceses levam o ditado muito ao pé da letra ou realmente estão se lixando para o Mundial. Fiquei chocada com o pouco caso dispensado à convocação dos jogadores que vão defender os Bleus na Copa do Mundo. Como o Brasil também anunciou hoje a sua lista, pude comparar as diferentes maneiras de midia e povo lidarem com essa instituição sagrada que é o futebol.

Do lado de ca do oceano, com minhas 5 horas de fuso horario, acompanhei o clima tenso em torno da lista mais esperada dos ultimos quatro anos. Na hora marcada, programação interrompida, apresentadores uniformizados e comentaristas à postos. Um verdadeiro circo. Eu roia as unhas, como se esperasse ver o meu nome entre os dos 23 guerreiros que vão defender o Brasil daqui a 30 dias. Francês nenhum entenderia.

Léo chegou do trabalho apressado, jogou sua pasta no chão e foi logo ligando o computador para saber quem eram os escolhidos ("Adriano, Adriano?" Perguntava o flamenguista apaixonado). Depois de constatar que seu imperador não vai entrar em campo, relaxou e disse: - As oito horas sai a lista da França, vamos ver quem o mané do Domenech vai chamar.

Parece que o tal treinador é um dos caras mais odiados por aqui. Lhe falta carisma, mas por sorte ele acaba conseguindo bons resultados, dai vai ficando no cargo. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Dunga segue pelo mesmo caminho, mas sei la porque diabos, confio nele.

Oito horas e eu esperando o circo francês, que não chegou. O jornal entrou no ar e depois de uma duzia de matérias sem graça, o treinador apareceu sentado na bancada do "20 heures" (O 'Jornal Nacional' daqui) e durante sua participação, que não durou mais que 5 minutos, anunciou seus convocados. A aparição mais sem graça que ja foi ao ar, arrisco dizer.

Não teve coletiva, nem 500 jornalistas, nem telão como no Rio. O francês que levantou no final do jornal para ir ao banheiro, provavelmente não sabe até agora quem vai defender seu pais na Copa do Mundo. Talvez não saiba nem que vai ter Copa do Mundo. Ainda não encontrei um filho de Deus desfilando as cores da seleção francesa pelas ruas. Não tem faixas espalhadas pela cidade, não se fala sobre o assunto. A não ser nas campanhas publicitarias.

È verdade que minha area é outra e que entendo muito pouco de marketing, mas devo dizer que achei muito esquisita a criatividade francesa usada para aumentar as vendas em época de Mundial. Duas grandes redes de eletrônicos destacam em letras garrafais o anuncio mais ou menos assim: "Compre sua televisão ou computador aqui! Se a França ganhar, devolvemos o seu dinheiro."

Ahn????? Isso é que é suporte hein? Se eu fosse jogador, me sentiria obrigado a vencer so para dar prejuizo a essas empresas (ok, não so, mas também). Porém, como ninguém aqui em casa é boleiro, nos resta tirar de vez a França das nossas bolsas de apostas. Não que antes ela fosse uma das favoritas (afinal, se classificou na bacia das almas com gol de mão), mas se nem os proprios acreditam que é possivel, quem sou eu para discordar?!


*Para ver as listas, joga no Google pô!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Alugo-me eu!

Fico admirada com a criatividade do povo. Ainda no Brasil, assisti a uma reportagem sobre um tiozinho que se auto-alugava para dançar com velhinhas animadas em bailes da terceira idade. Acho genial toda vez que um malandro consegue arrancar dinheiro dos outros com trabalho honesto.

Esses dias recebi a dica de um site no minimo interessante, que parte do mesmo principio. A idéia veio de uma brasileira (claro) que enquanto morava em Londres vivia recebendo emails com pedidos de dicas de turistas que viajavam pela cidade. Muito esperta, ela logo percebeu que sua boa vontade poderia render algum dimdim. Tempos depois, ela montou esse site oferecendo um punhado de "amigos de aluguel" pelo mundo.

O conceito até que é bacana: Se você não tem um amigo no seu destino de viagem, alugue um! Assim você podera conhecer a cidade com uma pessoa que mora aonde você passa suas férias. O "amigo local" vai te mostrar aqueles cantinhos que geralmente so os nativos conhecem. Isso evitaria aquelas ciladas que nos, turistas, sempre encontramos pelo caminho. Além disso, é esse "amigo" que monta todo o itinerario, sempre de acordo com os interesses pessoais do contratante.

Teoricamente, o tal "amigo" não seria exatamente um guia turistico porque ele não tem formação na area nem esse oficio como fonte de renda principal. Pode ser um estudante que esta de bobeira, uma dona de casa em busca de reforço para o orçamento ou brasileiros solitarios que, com saudades de casa, se divertem por ai com seus compatriotas viajantes.

Confesso que acho meio bizarro precisar pagar para ter um amigo, mesmo que durante as viagens. Mas quando lembro que nesse momento minha mãe esta rodando sozinha por Roma, a idéia até que deixa de ser tão estranha. Dona Mirlene bem que ia adorar ter um coleguinha para acompanha-la aos museus, tomar um café e fazer umas comprinhas. Assim como as senhorinhas que pagam para ter a compania do pé de valsa.

Sem falar que estou dando bobeira. Depois que comecei a escrever por aqui, ja vesti os sapatos de guia, meteorologista, paginas amarelas e consultora de moda (Que tipo de roupa eu levo para passar 3 dias em Paris?) e não vi nem um tostão chegar até o meu bolso. Com todas essas informações em mãos, estou pensando seriamente em acabar com a mamata dos leitores do bloguinho que me escrevem pedindo dicas.

E então? Topa ser meu amigo?

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