
Sei que no Brasil é complicado acompanhar o cinema europeu e que geralmente os lançamentos que chegam por ai nem são os melhores, mas vale a pena procurar aquelas salas mais alternativas que exibam filmes feitos por aqui. Vale mesmo. Ja vi filmes tão bons que um post so não seria suficiente para tantas dicas, por isso vou falar apenas do que assisti ontem a noite: Copacabana.
Não, o filme não se passa na nossa Cidade Maravilhosa, mas é cheio de referências (sempre musicais) à ela. A historia trata dos conflitos entre mãe e filha ao mesmo tempo em que mostra a vida de uma senhora que tem como sonho conhecer o Brasil. Apaixonada pelas musicas brasileiras, MPB para ser mais especifica, Babou (Isabelle Huppert) sonha com um Brasil que toma conta do imaginario de muitos franceses. O Brasil do Rio de Janeiro, do samba, das belas praias. Um Rio que se fosse exatamente como eles pensam que é, receberia religiosamente em dia o pagamento do meu IPTU.
Enquanto a trilha sonora brasileira embala as cenas mais felizes da personagem, o cenario gelado da Belgica deixa claro porque Babou idealiza um convivio mais proximo com o povo da minha terra. Quem nunca esteve na França pode se assustar ao ver como o roteiro expõe as relações entre pessoas que se conhecem pouco por aqui. Mas geralmente é assim mesmo, poucos sorrisos e poucas palavras, quase sempre muito diretas - tenho certeza que a expressão "curto e grosso" nasceu aqui.
Quem assistir ao filme corre o risco de aprender algumas liçõeszinhas bregas de vida que vira e mexe a gente esquece de praticar e ainda leva de brinde a cena impagavel das sambistas que entram no fim do filme, com suas plumas, paetês e cabelos loiros. Pois é, loiros (o que me leva a crer que a produção de elenco foi meio preguiçosa, afinal não é tão dificil encontrar mulatas gostosas made in Brazil vivendo na Europa para fazer figuração né?). De qualquer forma, o que pode causar constrangimento aos brasileiros (chatos!) que se incomodam com o uso de esteriotipos, me deixou mesmo foi feliz. Não é todo dia que meus ricos trocadinhos financiam o espetaculo de ver franceses pagando pau para a musica deliciosa de Chico Buarque e Jorge Ben em tela gigante e som digital. Ja deu saudade de casa.
*O post de hoje é dedicado ao Leandro do blog Mar de coisa, que deixou de ser amigo virtual para se tornar amigo real durante um encontro bacana na compania da sua esposa, Tereza. Tenho certeza que nos sonhos da Babou, o Rio também é cheio de cariocas bacanas como esses dois.