quinta-feira, 29 de julho de 2010

Filmes franceses: Copacabana

Ta, eu tenho as minhas implicâncias com os franceses, mas se tem uma coisa que eles fazem muito bem, é cinema. Isso eu não posso negar. No começo resisti pois não conhecia quase nada do estilo francês de rodar filmes (Amélie Poulain não conta!), dai achava que os la de Hollywood é que eram bacanas, puro engano! Bastou criar coragem para pagar os 9,90€ do bilhete e pronto: fiquei fascinada com o jeito criativo do cinema francês. Bons roteiros, bons atores, simplicidade com qualidade. Sem muitos efeitos ou orçamentos milionarios. Os caras sabem contar historias. Sem falar que para quem esta aprendendo o idioma, cinema e musica são fundamentais para acelerar o processo.

Sei que no Brasil é complicado acompanhar o cinema europeu e que geralmente os lançamentos que chegam por ai nem são os melhores, mas vale a pena procurar aquelas salas mais alternativas que exibam filmes feitos por aqui. Vale mesmo. Ja vi filmes tão bons que um post so não seria suficiente para tantas dicas, por isso vou falar apenas do que assisti ontem a noite: Copacabana.

Não, o filme não se passa na nossa Cidade Maravilhosa, mas é cheio de referências (sempre musicais) à ela. A historia trata dos conflitos entre mãe e filha ao mesmo tempo em que mostra a vida de uma senhora que tem como sonho conhecer o Brasil. Apaixonada pelas musicas brasileiras, MPB para ser mais especifica, Babou (Isabelle Huppert) sonha com um Brasil que toma conta do imaginario de muitos franceses. O Brasil do Rio de Janeiro, do samba, das belas praias. Um Rio que se fosse exatamente como eles pensam que é, receberia religiosamente em dia o pagamento do meu IPTU.

Enquanto a trilha sonora brasileira embala as cenas mais felizes da personagem, o cenario gelado da Belgica deixa claro porque Babou idealiza um convivio mais proximo com o povo da minha terra. Quem nunca esteve na França pode se assustar ao ver como o roteiro expõe as relações entre pessoas que se conhecem pouco por aqui. Mas geralmente é assim mesmo, poucos sorrisos e poucas palavras, quase sempre muito diretas - tenho certeza que a expressão "curto e grosso" nasceu aqui.

Quem assistir ao filme corre o risco de aprender algumas liçõeszinhas bregas de vida que vira e mexe a gente esquece de praticar e ainda leva de brinde a cena impagavel das sambistas que entram no fim do filme, com suas plumas, paetês e cabelos loiros. Pois é, loiros (o que me leva a crer que a produção de elenco foi meio preguiçosa, afinal não é tão dificil encontrar mulatas gostosas made in Brazil vivendo na Europa para fazer figuração né?). De qualquer forma, o que pode causar constrangimento aos brasileiros (chatos!) que se incomodam com o uso de esteriotipos, me deixou mesmo foi feliz. Não é todo dia que meus ricos trocadinhos financiam o espetaculo de ver franceses pagando pau para a musica deliciosa de Chico Buarque e Jorge Ben em tela gigante e som digital. Ja deu saudade de casa.



*O post de hoje é dedicado ao Leandro do blog Mar de coisa, que deixou de ser amigo virtual para se tornar amigo real durante um encontro bacana na compania da sua esposa, Tereza. Tenho certeza que nos sonhos da Babou, o Rio também é cheio de cariocas bacanas como esses dois.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Garota propaganda

Estou indo.

Para tomar Guarana Antartica gelado acompanhado de porções de carne seca e bolinhos fritos cheios de oleo. Estou indo comer pastel na feira do Pacaembu, sanduiche de mortadela no Mercadão de São Paulo e torta de frango no boteco da esquina da praça Tubal Vilela, em Uberlândia. Para falar a verdade, estou indo matar saudade de tudo o que realmente me faz falta por aqui: as comidas - alternando o meu japonês preferido com o Pic Burguer do Fifties.

Quero me esbaldar com as coxinhas, os pães na chapa com sucos de laranja e pedir muita comida chinesa em casa, explicando fluentemente para o atendente que as cenouras devem ser cortadas bem fininhas e que ele deve mandar ao menos 5 molhos extras com o pedido, sem medo de argumentar se for necessario. Quero todos os quitutes das padarias e claro, pão francês - que não existe na França. Assim como não existem as pizzas deliciosas da Brunella nem o Cheddar do Mc Donald's.

Vou tomar sorvete de flocos da Kibon, comer pão de queijo Yoki e lamber os beiços com a picanha da churrascaria mais tosca da cidade, que alias, é a melhor. Quero sonho de doce de leite, enroladinho de salsicha, esfirra de carne e a pamonha doce daquele lugar meio sujinho que so foi me fazer falta quando eu ja estava longe demais. Não vejo a hora de comer a pipoca com manteiga do Cinemark, o Cheese Salada do Joaquins, o lagarto recheado da minha mãe. Banana frita, couve rasgada, mandioca frita, quiabo que baba, suco de fruta em todas as refeições, como oferecem os self-services caseiros do interior.

Quando eu voltar, vou trazer na mala o doce de leite ninho do cara da rodoviaria, a bala toffee da Erlan, caixas de chiclete Bolin-bola, mostarda Arisco e Guarana Mineiro, a tubaina mais gostosa da minha cidade natal. Para o Léo, alguns litros de 51. Para os amigos franceses, rapadura.

Coloquem mais agua no feijão meus amigos, porque amanhã estaremos por ai! E não tem graça nenhuma comer tudo isso sem vocês...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

As esquisitices da lingua francesa

Como toda lingua que se preze, a francesa também tem la as suas esquisitices. Por exemplo, limão em francês é citron, mas se você quiser beber uma limonada, precisa pedir uma limonade - que geralmente nem é o suco do limão com agua, é so um refrigerante bem sem graça, tipo Sprite sem gas e que, portanto, deveria se chamar 'citronade', não?

Mas confusão mesmo eu faço com os verbos aimer e adorer (amar e adorar). Para nos brasileiros, amar é mais forte que adorar, certo? Dizer que adorou a balada de ontem significa que ela foi legal e que você se divertiu muito, mas dizer que amou é praticamente afirmar que foi a balada mais incrivel da sua vida. Pois na França é o contrario. Se você diz j'adore (eu adoro), quer dizer que, putz!, você ama loucamente aquele prato, aquele lugar ou aquela pessoa. Ja o j'aime (eu amo) é tipo 'eu gosto': normalzinho, sem muito alarde. Vira e mexe, esqueço que para demonstrar o quanto eu sou louca por uma determinada musica, tenho que dizer j'adore cette musique e não j'aime cette musique.

E tem pior. Dia desses uma amiga brasileira que estuda moda aqui em Lyon estava contando que recebeu o primeiro grande elogio da sua professora. A mulher olhou para o vestido desenhado no papel e disse: c'est pas mal, que bem ao pé da letra quer dizer: não esta ruim. Dai você vai pensar "pô, que elogio meia boca hein?", mas vindo de francês é um puta elogio, acredite. É que receber esse tipo de agrado deles é uma tarefa meio dificil e quando se consegue, na maioria das vezes, tem um certo ar de desdém. Principalmente em ambientes competitivos.

Outra expressão que ainda soa estranha aos meus ouvidos é o tal do c'est pas terrible. Traduzindo: não é terrivel. Se alguém te falar isso você vai pensar o que? Que tudo bem, não é tão ruim, certo? Errado. Em francês 'não é terrivel' quer dizer que é sim terrivel, e muito! E ai, eu me confundo toda. Enquanto em português usamos a palavra não como negativa para amenizar a situação em "não é terrivel", aqui na França a negativa do pas, que é o nosso não, enfantiza o lado ruim. Ou seja, c'est pas terrible significa que é realmente péssimo, embora soe como o contrario.


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