Desculpem o sumiço, para fugir das temperaturas negativas fomos para Israel. Nossa, tenho tanto para contar! Prometo voltar logo com dicas de viagens e fotos incriveis, mas quero começar pelo mais interessante: o povo. Entre tantas guerras, odio e destruição, pobreza e dificuldades, disputas e intolerância, eles ainda conseguem sentir orgulho do lugar aonde moram. Israel é um lugar sagrado para todos que nascem la: judeus, muçulmanos, cristãos - não importa. Um povo que aprendeu, muito antes de nos, o signifcado de miséria, de dor e de injustiça e por isso, teria todos os motivos para querer ir embora ou falar mal. Como fazem os brasileiros, sabe? Pois não foi nada disso que eu vi. Vi orgulho, amor, boca cheia em cada cidadão que faz questão de falar bem do seu pais. Vi sorrisos, boa vontade, bom humor, carinho, respeito, amizade. Nunca, em lugar nenhum onde estive, conheci pessoas tão generosas e especiais como em Israel.
Viajar sem pacote ou guia te obriga a interagir com os locais, pedir informações em Israel pode ser a parte mais gostosa da viagem se você se abrir para falar com eles (a lingua oficial é o hebraico, mas quase todos falam inglês). Eh dificil puxar assunto com alguém e ouvir uma resposta direta, os israelenses são generosos nas explicações. Em Tel Aviv, so queriamos saber se estavamos no caminho certo para chegar em Old Jaffa, mas o Ben não so fez um mapa, como nos deu nomes, endereços e telefones dos melhores restaurantes do lugar. "O Abu Hasan faz o melhor humus da cidade, não deixem de ir". Uma simples informação, que na França seria respondida em 3 segundos (com um sonoro je ne sais pas), durou 20 minutos e resultou na troca de Facebooks e convite para voltar.
Em Jerusalém, Mohamed enriqueceu o caminho da rodoviaria até o hotel, fazendo questão de nos apresentar cada detalhe da cidade que percorremos no taxi dele. Foi tão solicito que, dias depois, decidimos passar mais algumas horas em sua compania, fazendo um passeio até o Mar Morto. Aulas de historia e lições de vida que eu não vou esquecer jamais. Sem falar na simpatica moça da pizzaria, no judeu da lojinha que queria negociar os nossos relogios, no muçulmano do suco de romã que ria das nossas piadas, nos cidadãos simpaticos que sempre, sempre!, nos respondiam com um sorriso no rosto, como se soubessem que aquilo nos faria querer voltar.
Mohamed não é judeu, mas tem alma de negociante e não aceitou os 270 shekels que lhe oferecemos para nos levar de Jerusalém a Tel Aviv, mas não nos deixou na mão. Ligou para alguns amigos e em poucos minutos convenceu Abed a fazer a corrida. Confesso que pegar a estrada em Israel de taxi, às 10 da noite, não me pareceu uma ideia muito segura no começo, mas foi entrar no carro para o medo sumir. A estrada é incrivel porque o pais investe muito no turismo e sabe que Tel Aviv-Jerusalém é trajeto obrigatorio para quem visita o pais (não tem aeroporto em Jerusalém). Uma hora depois, ja estavamos na porta do nosso hotel, seguros e felizes, graças ao bate papo esclarecedor que tivemos com o Abed, outro muçulmano que nos deu a versão deles da historia.
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