quinta-feira, 23 de junho de 2011

Avignon, França

Eu tenho a sorte de morar em um dos paises mais bonitos do mundo e, mesmo assim, sempre decido viajar para outros lugares ao invés de explorar mais a França - falha que eu ja comecei a consertar no ultimo fim de semana, quando aproveitamos a companhia do Nestor e do Vinicius para conhecer Avignon. 


Avignon é uma cidadezinha que fica na Provence, no sul da França (a 230km de Lyon), e é conhecida basicamente por dois motivos: por ja ter sido residência de varios papas no passado e por ter hoje o maior e mais importante festival de teatro da França (que acontece em julho). A cidade, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é bem pequena, mas é tão linda e importante para a historia da França que vale a pena passar uma tarde dentro das muralhas que cercam o centro historico.


As super bem conservadas muralhas têm 4km de extensão e foram construidas na época que o papa francês Clemente V decidiu, em 1309, transferir de Roma para Avignon a sede da Santa Sé. Sim, durante 68 anos uma cidade francesa foi a capital mundial do cristianismo. E, olha, essa historia de papas é uma confusão so! Ao todo, sete papas comandaram a Igreja Catolica residindo em Avignon. E os romanos, claro, não ficaram nada contentes com isso (ta achando que a rivalidade nasceu na Copa de 2006 quando o Zidane deu uma cabeçada no Materazzi?). O clima inseguro da vida religiosa no século 14 fez com que, em 1335, o Papa Bento XII começasse a construção do Palais des Papes, um palacio em estilo gotico que mais parece uma fortaleza, com 10 torres que protegiam o Palacio Papal de ataques.



Em 1377 os romanos finalmente conseguiram levar de volta para Roma a sede da Igreja Catolica, quando o Papa Gregorio XI deixou Avignon. Mas ele morreu no ano seguinte e então a Igreja elegeu um novo papa, italiano. Acontece que a parte francesa do clero considerou essa eleição invalida e decidiu escolher um outro papa: Clemente VII, que voltou a morar em Avignon. E é por isso que durante 30 anos a Igreja Catolica teve dois papas, um na Italia e outro aqui na França. O ultimo papa de Avignon foi Bento XIII, que foi perdendo o seu poder dentro da Igreja e ficou preso no Palais des Papes por 5 anos, antes de fugir em 1403 e morrer em 1409. 

Fiquei com a pulga atras da orelha quando vi a enorme praça que existe em frente ao Palacio e ainda mais encucada quando percebi que as construções mais proximas dali são recentes, bem novinhas. O que aconteceu com a vila que existia naquela época? O sobrinho do Papa Bento XIII conseguiu ficar no Palacio por 17 meses depois da fuga do seu tio, e para tentar evitar que a riqueza fosse saqueada, ordenou que todas as casas que ficavam em frente ao Palais des Papes fossem destruidas. Não adiantou muito, tudo o que havia de valioso ali foi roubado durante a Revolução Francesa, o que resta são as pinturas de Matteo Giovanetti nas paredes, um italiano. Irônico, não? A entrada do Palais des Papes custa 10,50€ e o monumento é um dos mais visitados da França.


Depois do Palacio, a ponte medieval St. Bézénet é a principal atração da cidade. Ela foi construida de 1177 a 1185, bem antes desse rolo todo entre os papas acontecer. A ponte ficou famosa na França por causa dessa pagação de mico canção aqui. Inicialmente ela tinha 22 arcos, mas acabou sendo danificada por diversas enchentes. Hoje restam apenas 4, ou seja, a ponte não leva a lugar algum. Ainda assim, são cobrados 5€ para subir nela.




Avignon tem mais historia do que lugares para conhecer, por isso um dia é suficiente para ver tudo. O legal é que da para fazer um bate-volta de trem de Lyon (1h de viagem) ou até de Paris (3 horas) e assim conhecer a Provence, uma das regiões mais lindas da França e mundialmente conhecida pela lavanda que produz. 



Vinicius e Nestor, os mais divertidos companheiros de viagem!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Monte das Oliveiras: o que ver?

O Monte das Oliveiras é um daqueles passeios que ninguém dispensa em Jerusalém. Pensamos em subir até la com o pessoal do free tour que nos mostrou a Cidade Antiga. Eles se reunem diariamente no Portão de Jaffa e não é dificil reconhecê-los, eles ficam na frente da entrada principal vestidos de vermelho e segurando uma placa, basta se apresentar.


O passeio pela Cidade Antiga dura 3 horas e é gratis mesmo, mas você pode deixar uma gorgeta no final se gostar. So que o passeio para o Monte das Oliveiras (assim como os outros passeios que eles fazem) é pago. Pão duro que somos, preferimos economizar subindo sozinhos. Não é nada complicado chegar até o Monte, da para ir de ônibus ou de taxi, mas fomos caminhando mesmo.

Tumba da Virgem Maria

Aos pés do Monte das Oliveiras esta a Tumba da Virgem Maria e foi por la que começamos o nosso roteiro. Não que eu não tenha ficado emocionada em muitos outros lugares em Jerusalém, mas esse foi de longe o que mais me marcou. O clima muda logo que a gente entra na "igreja". Pelo caminho existem varios altares com imagens diferentes de Maria, o clima é bem intimista. Acredito que o principio seja o mesmo da Igreja do Santo Sepulcro: dividir um espaço sagrado entre muitas religiões. O ponto mais visitado é a capelinha que abriga uma redoma de vidro, colocada para proteger a pedra onde o corpo de Maria teria sido velado.


Os outros pontos que queriamos visitar ficavam la no topo do Monte. Poderiamos ter subido a pé, mas estava tarde, então negociamos com um dos taxistas que ficam na porta da igrejinha e ele nos levou por 50 shekels. Se fosse dia, teriamos subido sozinhos mesmo. Ele nos deixou la em cima e nos descemos caminhando, apreciando a vista. Enfim, foi super tranquilo.


Igreja do Pai Nosso

Era aqui que Jesus ensinava a oração do "Pai Nosso" aos seus discipulos, bem em cima dessas pedras, que ficam dentro de uma gruta (e, obviamente, era muito diferente na época).


Do lado de fora é bem agradavel, nas paredes estão expostos mosaicos com a oração em mais de 60 linguas. So que, apesar do nome, não vi nenhuma igreja por ali, é mais uma area tranquila para orações (a entrada custa 7 shekels - mais ou menos 4 reais).



Capela da Ascensão

Esse talvez seja o lugar mais singelo que eu visitei em Jerusalém. Uma capela tão pequena e simples, mas que representa muito para os cristãos. Nela esta a rocha da ascenção de Jesus e a marca do seu pé cravada nela. Segundo a doutrina da Ascensão, o corpo de Jesus, depois de quarenta dias da sua Ressurreição, subiu aos céus aonde se encontrou na presença de Deus, não só em espirito, mas também em sua pessoa humana. O local é cuidado por uma familia muçulmana, que cobra 5 shekels pela entrada.  



Cemitério Judaico

Se tem um lugar que eu gostaria de esperar pelo fim do mundo, é ali viu? Esse cemitério existe ha mais de 3 mil anos e tem mais de 150 mil tumulos. O que tem de personagens importantes descansando ali não é brincadeira! A familia do Hezir, Davi, Ovadiah... até ganhador do prêmio Nobel tem. Ha milênios os judeus procuram ser enterrados nesse cemitério.


Por que ele é tão importante? Porque a tradição judaica diz que é la que vai acontecer o Juizo Final quando o Messias vier e os que estão enterrados no Monte das Oliveiras seriam os primeiros a serem julgados, antes mesmo dos que estão enterrados em Jerusalém. E como tem gente pra caramba nesse mundão nosso de Deus, arrumar uma vaguinha ali - assim, so por garantia - não seria ma ideia.


Segundo o taxista judeu que nos levou até la, as pedrinhas em cima dos tumulos têm a mesma função das flores que estamos acostumados a levar aos cemitérios, so que flor morre rapido e pedra dura mais, assim os mortos ficam mais tempo na "presença" de quem foi visita-los. Bonito, né?


Leia mais:

Leia também:

Related Posts with Thumbnails