quinta-feira, 28 de julho de 2011

Descobrindo a Croacia - Trogir

Marco Polo, o viajante mais famoso da historia, não nasceu em Veneza como ensinam os livros - pelo menos é isso que afirmam os croatas. O explorador teria nascido em uma ilha da Croacia, chamada Korčula. As gravatas, esse pedacinho de tecido que deixam os homens muito mais charmosos (na minha opinião), foram inventadas pelos croatas. Os cachorros manchados que ficaram famosos no filme 101 Dalmatas, advinha?, também são de origem croata - e essas são apenas 3 coisas que você provavelmente não sabia sobre esse pais tão especial que acabamos de visitar.


Outra coisa que você talvez não saiba é que a Croacia é o novo destino da moda entre os europeus. Um pais que ha duas décadas ainda estava em guerra e que usou o turismo para levantar a economia e começar uma nova historia.

Trogir

Nossa primeira parada foi em Trogir, uma vilazinha de 2.300 anos, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, cuja principal atração é o seu centro historico (que na verdade é uma ilha com igrejas, castelos, muralhas e uma fortaleza!). Tudo incrivelmente bem conservado.


Trogir ja pertenceu a varios paises, à França inclusive, mas quem mais deixou influências por la foram os italianos. A começar pelo sotaque, a lingua é o croata mas o sotaque é italiano. Quase todos os restaurantes servem massas e até o jeitão de ser do povo croata é parecido com o dos italianos. Eles falam alto e sorriem como se te conhecessem ha anos. O dono do apartamento que alugamos em Trogir nos parava todos os dias quando voltavamos da praia para saber se tinhamos nos divertido ou se precisavamos de algo. No ultimo dia nos deu até um presentinho, vê se pode.


Quase todo mundo que se relaciona de alguma forma com o turista fala inglês além de alguma outra lingua (alemão e italiano, principalmente). O proprietario do apto. de Dubrovnik talvez seja a unica pessoa da Croacia que não fale uma so palavra em inglês, mas nem por isso foi menos simpatico com a gente. Embora o Léo e eu não saibamos nada de croata, conversamos e rimos muito com o senhor que ria ainda mais da gente quando tentavamos decifrar aquela lingua complicada dele. Era engraçado, ele tentando se fazer entender em croata e alemão e nos dois forçando a barra no inglês, francês e, vai que cola, no português.


Lembrei de quando voltavamos do Marrocos e acordei no meio do vôo ouvindo meu sogro conversar com um francês que estava sentado ao seu lado, a nossa frente. Aproximei os ouvidos para ver se eu não estava delirando. O meu sogro, que não fala nem francês nem inglês, estava no maior papo com um francês, que não falava nada de português. "Como pode uma coisa dessas?", pensei. O papo durou o vôo todo e so agora, na Croacia, eu entendi que é possivel conversar mesmo se as pessoas não falam a mesma lingua. Mas, atenção! So funciona com quem tem fome de mundo.


Logo que chegamos a Trogir, passamos no hotel para trocar de roupa e saimos andando em direção à praia. Mas, ué, cadê a praia? Andamos por quase uma hora, pedimos varias informações e a tal praia badalada não aparecia nunca. Subimos e descemos o morro pela estrada, pedimos carona e so na hora de ir embora é que descobrimos que existem barcos que saem para quase todas as praias bem de frente ao forte, no centro medieval (com bilhetes que custam em média 2€).


Trogir foi a melhor parte da viagem. Tão legal que abrimos mão de conhecer Split so para curtir mais a praia de Okrug, carinhosamente apelidada de Orkut pelo Léo. "Amor, qual praia vamos hoje?", "Vamos pro Orkut, né?". Mas preciso ser honesta, embora a Croacia tenha cidades interessantissimas, gente bacana, comida boa e ainda não seja um lugar tão caro para ir no verão, praia é uma coisa que eles não têm, não. Elas são de pedra e pequenas. O Mar Adriatico é transparente e calmo, uma delicia, mas praia mesmo, do jeito que nos brasileiros estamos acostumados a ver no Brasil, não tem. O que não quer dizer que elas não são interessantes. Até curti ir embora da praia sem levar comigo aquele montão de areia dentro do biquini.


Conhecemos outras praias, mas a Orkut Okrug foi a que mais gostamos. Ela tem uma super infra-estrutura, principalmente para quem viaja com crianças. Muitos bares legais, restaurantes e até um vendedor de milho que passa de vez em quando. Eu sei que muita gente reclama dos vendedores ambulantes que enchem o saco na praia, mas quando você mora na França, meu amigo, o barulho da buzina de um vendedor de milho é tudo o que você mais deseja ouvir nas férias de verão.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Viagem pelo interior da França - os castelos

No post anterior eu mostrei o chambre d'hôtes charmosinho onde comemoramos o dia dos namorados, faltou falar dos lugares lindos por onde passamos para chegar até ele. O nosso destino era Argentat, uma cidadezinha de 3 mil habitantes que fica no departamento da Corrèze, uma região do Limousin. 

*Pausa rapida para uma aulinha de geografia francesa. A França metropolitana é dividida em 22 regiões (enquanto no Brasil temos apenas 5: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Cada região é dividida em departamentos, que equivalem aos nossos Estados. A França tem 96 departamentos e nossa meta aqui em casa é conhecer todos eles antes de voltarmos para o Brasil, assim temos desculpa para não voltar tão cedo.


Para chegarmos até Argentat, saimos da rodovia e atravessamos a Corrèze de leste a oeste por estradinhas pequenas e vimos paisagens tipicas de uma região tranquila, com muitas vilas de 200, 500 habitantes no maximo. Rodamos quase mil quilômetros em dois dias para descobrir lugares incriveis, de deixar Paris morrendo de inveja.

No meio do caminho tinham castelos. Afinal, estamos na França, existem castelos em todo lugar! O Château de Val, apesar de lindissimo, não vale os 5€ cobrados pela visita (quase nada é original na parte de dentro). Mas visita-lo no verão é uma otima pedida. Em volta dele tem um lago imenso onde as pessoas andam de jet-ski, acampam e passam a tarde nadando.


Outro castelo que apareceu no nosso caminho foi o Château d'Auzers, construido durante a Guerra dos Cem Anos e que pertence a uma das familias mais antigas da França. O castelo é aberto para visitação, mas quando fomos estava tendo um casamento, então não pudemos entrar. Nada mal se casar em um lugar desses, né?


Como se vê, a França não é feita apenas de museus enormes, restaurantes caros e desfiles de moda. Ser francês não significa falar cinco linguas, ser elegante e morar em apartamentos de 20m2. Isso é ser parisiense. Confesso ficar bem incomodada quando alguém que so conhece Paris ou alguma outra cidade turistica vem me dizer que quando visitou a França encontrou franceses prestativos e que falam inglês. Sabia que metade das cidades francesas tem menos de 420 habitantes? A maioria dessas pessoas nunca esteve em Paris, nunca andou de metrô e muito menos se interessou por aprender outra lingua. São pessoas de habitos simples e trabalhadoras, que podem sim ser muito simpaticas com os viajantes que estão de passagem, mas que provavelmente vão ter dificuldades para aceitar aquilo ou aquele que vem de fora para ficar. E essa viagem nos fez descobrir esse outro lado da França, que infelizmente os turistas não têm tempo de descobrir porque estão presos na fila da Torre Eiffel.

Mais sobre o interior da França aqui

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Chambres d'hôtes: a melhor opção de hospedagem na França

Imagine vir passear na França e, além de descobrir lugares bonitos e comer bem, conhecer de perto franceses gentis e praticar um pouco o seu francês. Acha que é impossivel? Que nada! Franceses simpaticos e atenciosos existem, e a maneira mais facil de encontra-los é reservando um chambre d'hôtes.

Chambres d'hôtes são quartos que as pessoas colocam para alugar dentro das suas proprias casas, geralmente para acolher visitantes de passagem por alguns dias. Ao se hospedar na casa de alguém, você vai dividir as areas comuns da casa com os moradores e pode até passar algum tempo com eles, durante o café da manhã ou o jantar, por exemplo. Em relação à privacidade, não existe nenhuma diferença entre reservar um quarto na casa de um francês ou um quarto de hotel, mas em um chambre d'hôtes quem vai te receber não são funcionarios de falas decoradas, e sim os donos da casa. Se relacionar ou não com eles é uma escolha do viajante. Esse tipo de hospedagem não so pode sair bem mais em conta que ficar em um hotel, como é também mais divertida.

Não é regra, mas as pessoas que alugam esses quartos são, geralmente, aposentados que possuem casas ou apartamentos grandes e com quartos que ficaram vazios depois que os filhos se mudaram para casar ou estudar. São pessoas abertas, que falam inglês e que, além de buscar uma renda extra, estão super interessadas em trocar experiências e conhecer gente nova, de outras nacionalidades.

Nossa primeira experiência em um chambre d'hôtes não podia ter sido melhor! Depois de assistir a uma reportagem que mostrava alguns dos mais charmosos chambres d'hôtes da França, decidi ligar e fazer uma reserva na casa do Philippe e da Esméralda em Argentat, na região da Corrèze. Eu sei que para nos, brasileiros, a ideia de ficar na casa de alguém soa meio estranha, mas os franceses estão super acostumados e, pra ser sincera, eu adorei! Nosso quarto tinha tudo que precisavamos: cama king size, toalhas macias, roupões, banheiro privativo, hidromassagem, lareira, wi-fi e uma vista de tirar o fôlego.

foto: reprodução

foto: reprodução


A principal diferença é que a impessoalidade dos hotéis nem passa na porta de um chambre d'hôtes. Cada casa tem sua historia, cada familia tem algo unico a oferecer aos hospedes. Fomos recebidos pelo Philippe que, de chinelos, veio nos desejar as boas vindas. No final da noite, quando voltamos de um passeio, ele nos ofereceu como digestivo uma bebida local que o Léo adorou e ainda me perguntou se eu queria sorvete, depois passou um bom tempo conversando com a gente na varanda que fica de frente para o rio.
foto: reprodução

Philippe  nos contou a historia da cidade e falou também sobre a casa dele (que foi comprada de uma velha senhora que cuidava de cabras bem ali). Não aproveitamos mais da sua companhia porque estavamos muito cansados, mas conversamos um pouco mais durante o café da manhã - o melhor café da manhã que ja tomamos em viagens, vale ressaltar. Aquele gostinho caseiro das geléias que hotel nenhum oferece, sabe? E a florzinha colhida no jardim da casa e delicadamente colocada em frente à louça?


Todos esses detalhes fazem com que os chambres d'hôtes sejam a melhor opção para os viajantes que gostam de descobrir coisas diferentes e de se sentirem bem cuidados mesmo longe de casa. Temos planos de rodar toda a França de carro e ficar em hotéis esta totalmente fora de cogitação, afinal, existem quartos disponiveis em todas as regiões, até mesmo em Paris!

Também ficou interessado? Encontre o seu quarto nesse site aqui, e para conhecer melhor o paraiso onde o Léo e eu comemoramos o dia dos namorados, clique aqui. Uma experiência dificil de não ser aprovada.

Leia também:

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