segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dubrovnik, o xodozinho da Croacia

Nem vale a pena comparar Dubrovnik com outras cidades européias. O que existe la so existe la e ponto. Dubrovnik é unica porque é magica e alegre, e também porque tem as paisagens mais bonitas que a gente pode ver quando sai de férias.


Chegar em Dubrovnik é que da uma certa canseira. De Trogir até la foram seis horas de ônibus, rodando pelos penhascos da costa adriatica com um certo medinho de morrer (também existem vôos diretos, mas pra que voar se podemos passar perrengue na estrada, né?). Eh preciso atravessar um pedaço da Bosnia-Herzegovina e nas fronteiras de entrada e saida do pais, guardas entram nos ônibus para verificar os passaportes. Brasileiros precisam de visto para a permanência, mas como estavamos so de passagem, não tivemos problemas.

Dubrovnik é a cidade mais famosa da Dalmacia (a região de onde vem os cachorrinhos manchados do filme). O que mais encanta é o centro medieval rodeado por muralhas.  Um terremoto em 1667 danificou algumas construções, mas ainda assim a cidade conseguiu preservar monumentos, igrejas e palacios que podem ter um estilo gotico, renascentista ou barroco.


Nos anos 90, durante um conflito armado na região, a cidade foi bombardeada e quase 70% de tudo foi novamente danificado, mas a UNESCO coordenou uma grande restauração depois disso. Da para fazer um passeio pelas muralhas que cercam a parte mais antiga de Dubrovnik. A vista la de cima é incrivel!


So não considero Dubrovnik o destino perfeito porque não gostei das praias. A mais famosa é a de Banje (ao lado da cidade antiga), que tem uma faixa de areia muito pequena e pouquissima infra-estrutura se comparada à praia que mais gostamos em Trogir, a Okrug


Embora existam outras praias, preferimos não estender nossas toalhas em outro lugar. Acreditamos quando nos disseram que as melhores praias ficavam nas ilhas, por isso pagamos 30€ por pessoa para fazer um passeio de barco que passaria pelas três ilhas mais bonitas. O nosso azar é que estava um tempo horrivel e por isso a nossa experiência não foi nada legal. O barco balançava muito, a comida que eles serviram estava horrivel e as ilhas não são tão bonitas assim.


O passeio simplesmente não compensa! As ilhas não oferecem nada que o viajante não possa encontrar em terra firme.


Apesar dos pesares, Dubrovnik é um lugar que a gente deve voltar muito em breve. Um lugar onde come-se bem, onde as pessoas que lidam diretamente com os turistas conseguem ser simpaticas e atenciosas e que ainda não é caro, como os destinos mais badalados do verão europeu costumam ser.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Canicule

Que somos influenciados pelo meio em que vivemos a ciência ja provou. Calor forte para nos, brasileiro, é o quê? Uns 40 graus? Na minha terra, por exemplo, se faz 20°C no inverno, o povo sai com cachecol e blusa de frio. Aqui na França, basta fazer 14°C no começo da primavera que ta todo mundo de sandalia e pernas de fora. Sofri muito no primeiro inverno que passei em Lyon. O segundo foi melhor e acho que vou tirar de letra o terceiro porque meu corpo ja esta mais acostumado com o tempo que faz aqui. Se acostumou tanto, que até pede arrego quando os termômetros passam dos 30°C.

Não tenho ânimo para sair nem para comer, so consigo beber agua. Se eu, que sou brasileira, tô comendo o pão que o diabo amassou com o calor que esse final de verão trouxe para a França, imagina como estão sofrendo os franceses! Sério, é preocupante. Para o fim de semana estão previstos 38 graus, trinta e oito insuportaveis graus Celsius! Algumas regiões (incluindo a que eu moro) estão em alerta orange, o penultimo na escala de risco. E ai, as pessoas entram em pânico, como se fosse chegar um super furacão e matar todo mundo. 


Esse periodo de dias muito quentes é chamado canicule e a imprensa francesa so fala nisso. Até ontem estavam todos reclamando do verão de merde desse ano (choveu muito e até frio fez), mas agora que o pessoal ja voltou da praia e esta se preparando para a rentrée, a  preocupação é, principalmente, com os idosos. Isso porque eles perdem a noção de sede e, como a maioria dos velhinhos franceses mora sozinha, eles acabam se desitradando e, muitas vezes, morrendo.

A pior onda de calor foi em 2003, morreu tanta gente de uma so vez, que os necrotérios ficaram lotados. Em Rungis, na região parisiense (onde fica o maior mercado de produtos frescos do mundo), um hangar refrigerado chegou a ser emprestado para conservar os corpos até a hora dos enterros. Na época, o governo tentou amenizar a situação anunciando cinco mil mortos, mas uma associação de funerarias contestou dizendo que ja passava de dez mil o numero de caixões vendidos. Até o final daquele verão morreram 15 mil pessoas a mais que nos verões anteriores - a maioria era idosa.

Até existe um plano de ação para tentar evitar que a tragédia de 2003 se repita, com medidas e conselhos que todos devem seguir (tipo plano de guerra - quando as pessoas armazenam comida em casa ou correm para o porão ao escutar uma bomba). Mas um desses conselhos é evitar sair entre 11 da manhã e 9 da noite. Agora, me diz: como prender o povo em casa no penultimo fim de semana das férias, se o sol ta bombando la fora? Eu, por exemplo, ja combinei com o Léo de pegar uma corzinha na piscina publica. Acho que sendo brasileira eu corro menos risco de morrer por causa de sol, né?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um dia muito especial

Nunca na historia dessa minha vida eu pensei que moraria na França. Nunca quis, nunca planejei. Mas hoje, quando paro pra pensar, vejo que a França, de uma forma ou de outra, sempre deu pinta na minha historia. A começar pelo meu nome: Mirelle - como a famosa cantora Mireille Mathieu. Eu ja tinha o Matias, então a minha mãe pensou: "vou colocar Mirelle porque dai fica bem parecido com o nome da cantora francesa". Pior é o meu irmão, que se chama Vandré por causa do Geraldo.

Durante os 29 anos em que morei no Brasil enchi a boca para responder com um orgulhoso "é francês" sempre que alguém dizia que o meu nome era bonito. Ai eu cheguei na França e descobri que Mirelle é tudo, menos francês. Faltou um i, mãe! Uma vogalzinha de nada que muda tudo! Não tem um so francês que não me chame de Miréie, que é como se pronuncia o Mireille por aqui. Ai, eu corrijo: "Miréie não, Mirrrrrrrélle - minha mãe esqueceu do i.". Acabam me chamando de Mi mesmo.

Se você for apegado aos detalhes, o resto desse texto não vai fazer nenhum sentido para você. Mas se, assim como a minha mãe, você ignorar essa problematica do i, pode considerar que hoje, dia 15 de agosto, é o meu dia aqui na França. Explico: na época que a França ainda era um pais catolico, as pessoas seguiam a tradição de dar aos seus filhos os nomes dos santos que morreram no dia do nascimento das crianças. Por exemplo, a filha nasceu no dia 15 de agosto? Então vai se chamar Mireille, que é o dia da morte da Santa Mireille, e assim por diante.

Ja faz muito tempo que os franceses deram de ombros para o catolicismo e suas tradições, mas eles continuam gostando de fazer farra com essa festa dos nomes. Existem até cartões nas papelarias desejando "boas festas, fulano de tal". E praticamente todos os nomes têm o seu dia especial. O do Leonardo, por exemplo, é dia 6 de novembro. Eu tive mais sorte, porque no meu dia é até feriado aqui na França (não por causa da tal Santa Mireille, que nem foi tão importante assim, mas porque é o dia da Ascenção de Maria). De qualquer forma, é otimo saber que no "Dia da Mirelle" eu sempre vou ficar de pernas pro ar. Se o seu nome não for muito esdruxulo, você também pode tentar descobrir qual é o seu dia na França, basta dar uma afrancesada nele e clicar aqui.

domingo, 14 de agosto de 2011

Dica de seriado: "Fais pas ci fais pas ça" + sorteio

Lembra quando eu contei aqui que eu tinha pânico de atender o telefone na França? Pois é, passou. Na verdade eu tenho me sentido bem mais confiante em relação à lingua francesa. Vira e mexe recebo emails perguntando quanto tempo é necessario para aprender francês morando na França. Sempre dou a mesma resposta: depende. Tenho uma amiga espanhola que chegou aqui sem falar nada e no final do semestre teve as melhores notas da turma. Caxiona! Estudava 5 horas por dia, vivia para os livros. Também conheço um americano que mora em Lyon ha anos e compra baguete fazendo mimica porque se fechou em um circulo onde todos falam inglês. Realmente não da pra prever. 

Quando cheguei eu não falava nem mesmo bonjour. Fiz um ano de curso, tirando sempre notas altas, mas, confesso, so estudava para as provas. Se eu tivesse enfiado a cara nos livros como a Miréia fez, talvez eu falasse melhor hoje. Outra 'desvantagem' é ser casada com um brasileiro, porque falamos português em casa. A grande maioria dos estrangeiros que vem morar aqui, mantém de alguma forma um contato mais proximo e diario com os franceses, seja porque se casaram com um, seja porque moram com familias francesas ou em colocação com estudantes franceses. Essa é realmente a melhor maneira de aprender um idioma, falando. Vale até fugir de brasileiros para aprender mais rapido!

Como eu não vou trocar de marido, me viro como posso para aprender o idioma e também sobre os habitos desse povo. Além de ter feito bons amigos franceses - que se sentem super à vontade para responder as perguntas da "brasileira curiosa" aqui - vou muito ao cinema e assisto TV para "treinar os ouvidos". E como eu sei que muitos dos que passam por aqui estudam francês e também se interessam pelos habitos e cultura francesa, achei que seria legal dividir a minha mais recente descoberta no blog: o seriado "Fais pas ci fais pas ça" (não faça isso, não faça aquilo - tradução livre). Ele ja existe ha um tempão, mas so o conheci agora. Fez tanto sucesso que até os americanos copiaram a formula com o seriado Modern Family.

São duas familias complicadas e divertidas que acabam se relacionando. O primeiro casal, Denis e Valérie Bouley, são pais de duas crianças - daqueles que fazem de tudo para não repetir a educação autoritaria que receberam dos pais. Eles querem ser amados pelos filhos e acreditam que eles devam fazer as suas escolhas sozinhos, errando e crescendo. Mas a verdade é que eles nunca estão de acordo, mudam a todo o tempo o sistema de educação das crianças e vivem estressados. Renaud e Fabienne Lepic, o segundo casal, são o oposto. Pais de quatro, acham que a rigidez é a chave para o sucesso. Exigem que os filhos andem na linha e são controladores, so que explodem frente aos menores problemas. As relações entre os personagens retratam muito bem como vivem as familias francesas  hoje em dia, hi-la-ri-o!

Este ano foi lançado uma box com oito DVDs, que trazem as três temporadas completas (até agora so foram feitas três mesmo, infelizmente), e o blog vai sortear essa box no proximo domingo, dia 21/08, pelo Random. Para participar não precisa ser seguidor do blog, nem dar RT no Twitter. Também não precisa mandar Bolin-bola pra minha casa não, viu? (Essa historia merece um post!) Basta deixar um email valido (é através dele que vou entrar em contato com o ganhador) e preencher todos os dados corretamente. Boa sorte!

*Atualizando em 21/08: A sorteada foi a Erika Mota, ja entrei em contato para solicitar o endereço e enviar os DVDs. Valeu, pessoal! Logo mais pinta outro sorteio por aqui.



sábado, 6 de agosto de 2011

3ponto1

E quando a gente começa a se acostumar com as diferenças, eles vão embora. Quando o sotaque inglês passa a deslizar facil pelos ouvidos, Julia precisa partir. Quando me acostumo com o abraço apertado da colombiana, que faz eu me sentir em casa, Laura decide que quer voltar. Foi a primeira vez que encontrei no meio de tantos irmãos, uma irmã mais nova, loira e linda, de olhos azuis como as bonecas que eu ganhava na infância, mas até a minha menina sueca sentiu que era hora de arrumar as malas. Eles foram de vez, pra nunca mais voltar. E eu? Faço o que com esse vazio imenso que ficou aqui?


Foi a primeira vez que perdi todos os meus amigos ao mesmo tempo. Dificil é isso, saber que essa foi so a primeira vez. Até quando deixei o Brasil foi mais facil, afinal, era eu quem estava começando uma vida nova. Enganei a saudade com novas descobertas e pronto. Mas dessa vez quem ficou fui eu, sozinha e com um verão inteiro pela frente. Um verão sem churrascos na varanda do apartamento novo, sem passeios na beira do rio, sem os nossos pic-nics no parque. Um verãozinho bem meia boca, para falar a verdade.

Eh final de ano na Europa, o que significa que pessoas vão partir. Amigos, irmãos, compadres. Espanhois, chineses, franceses e até brasileiros colocando um ponto final em uma fase que, para mim, ainda não terminou. Fica a lembrança de tudo o que vivi e aprendi com eles e a certeza de que eu também deixei lições importantes guardadas na memoria de cada um:



31 anos hoje, e eu so queria que vocês estivessem aqui para dividir bolo e besteiras comigo.

J'ai 31 ans aujourd'hui et tout ce que je voudrais, c'est que vous soyez ici pour partager le gâteau et des conneries avec moi.

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