quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Praga, Amsterdã, Berlim - onde se hospedar

Sabendo que o inicio do curso de Sciences Po. ia limitar consideravelmente as nossas viagens no proximo ano, o Léo e eu decidimos aproveitar bastante o ultimo verão. Uma das viagens foi um mochilão que fizemos por Praga, Amsterdã e Berlim. Uma viagem de 10 dias, onde aproveitamos para conhecer algumas opções de hospedagem diferentes das que estamos acostumados. 

Praga

Praga foi disparado a melhor parte da viagem, não so porque é rica em historia e tem uma arquitetura belissima, mas também porque é muito barata. Tudo por la é incrivelmente mais em conta que em outras cidades européias (Praga ja faz parte da União Européia, mas ainda não aderiu ao euro, o que explica os preços tão baixos). Por isso nos demos ao luxo de ficar em um hotel mais bacanudo nessa primeira parada. Um hotel 4 estrelas, perto do metrô e com uma otima tarifa de 55€ para o casal (sem café da manhã).




Amsterdã

O que conseguimos economizar em Praga, gastamos em Amsterdã - uma das cidades mais caras que ja visitamos. Se é caro para comer e se divertir, imagina para se hospedar! Até os albergues cobram diarias mais caras do que a que pagamos no 4 estrelas de Praga. Eu ja estava começando a considerar o Couchsurfing quando me lembrei da experiência deliciosa que tivemos nos hospedando na casa de um francês, e então fui tentar descobrir se poderiamos fazer o mesmo na Holanda. Encontrei o site Airbnb que propõe mais ou menos o mesmo esquema dos chambres d'hôtes na França: a reserva de um quarto na casa de um local, podendo ou não dividir as areas comuns da casa com ele. Nos decidimos ficar no apartamento do Mather


Não existe maneira melhor de entrar na cultura do que se hospedando na casa de um local, ainda mais quando o tempo de viagem é curtinho como era o nosso em Amsterdã. Logo de cara ja vimos varias caracteristicas que o Daniel descreve no blog dele. As escadinhas estreitas e os corredores que acabam virando o "quintal" dos apartamentos, onde os moradores deixam seus casacos, sapatos e tralhas no corredor, sem medo nenhum de serem roubados. Desde o primeiro minuto eu me senti na 2° Guerra, parecia que a Gestapo ia invadir o imovel a qualquer momento e nos levar. Quando é que eu teria a mesma sensação em um hotel?


Desta vez a hospedagem era mais simples, mas perfeita para o nosso bolso. Pagamos 55€ na diaria para o casal (sem café da manhã). Nosso anfitrião é um cara atencioso, que logo na nossa chegada nos deu dicas quentissimas da cidade, como uma pizzaria pequena frequentada apenas por locais. Também nos recomendou o seu restaurante preferido, um indonesiano, que nunca teriamos entrado se não tivesse sido indicado por ele. A comida era incrivel! 

So não pergunte pro Léo o que ele comeu (ele não tem a menor ideia!).

O quarto onde ficamos era exatamente como vimos nas fotos da internet, e ele ainda tinha uma estante cheia de livros sobre a Holanda e guias de Amsterdã. Como choveu o tempo todo nos 3 dias que passamos la, aproveitei para dar uma xeretada em tudo e ler coisas bem interessantes.


O lado chato da experiência foi ter que dividir o banheiro, fora isso foi bacana. A casa era simples, mas no mesmo site é possivel encontrar quartos maiores e com banheiro individual. Tem cada apartamento chique, meu amigo! Saimos bem contentes da casa do Mather e com a certeza de que vamos usar o Airbnb em outras viagens.


Berlim

Fim de viagem, sabe como é, né? O orçamento pede socorro! O lugar mais em conta que achamos em Berlim (eu nem olho albergues) foi o Easyhotel. Isso mesmo, um hotel da Easyjet, a compania low cost de avião. O esquema do hotel é o mesmo dos aviões, o preço é uma pechincha mas o conforto é pequeno. Pagamos 25€ na diaria para o casal (sem café da manhã). Gente, 25€ numa diaria para duas pessoas é um baita de um achado! Onde esta a pegadinha? Nos extras, que são cobrados a parte. Pagamos 3€/dia para usar a internet e pedimos 2 travesseiros extras, que nos custaram 2€ cada um. Se você quiser ter as toalhas trocadas, precisa pagar. Se quiser que limpem o quarto, também paga a mais. Até para ver TV tem que rolar uma graninha extra. Ainda assim o preço é imbativel, sem falar que o quarto, minusculo, é limpissimo e a cama é muito boa.



Recomendo para quem viaja com orçamento controlado e não fica muito tempo no hotel. O Léo e eu, por exemplo, saimos super cedo e so voltamos quando ja é tarde, tomamos um banho e depois, puft, cama! Acho também que se você não viaja sozinho, é preciso o minimo de intimidade com a outra pessoa para conseguir ficar preso numa boa nos 9m2 dos quartos. Namorados que se conhecem ha pouco tempo, esse hotel não é pra vocês! Pessoas que viajam com malas enormes também podem ter problemas. Mas para nos foi otimo! Quando eu for pra Londres, ja sei que é em um Easyhotel que vou me hospedar.

So não sei se ele vai querer me acompanhar...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CaroLinda


Ô mania de procurar aquilo que, na verdade, eu ja tenho. Essa minha caça desesperada por amigos que dificilmente vão ocupar o lugar deixado pelos que estão do lado de la. Sim, são poucos - pouquissimos, alias - mas são verdadeiros. Não tenho os melhores amigos do mundo porque, assim como eu, eles são cheios de defeitos: moram longe, esquecem o meu aniversario, não lêem o blog... enfim, são reais. Amigos de carne e osso com quem eu me sinto bem, com quem eu posso tagarelar sem medo de escorregar nos verbos e que não fazem eu me sentir estranha por tomar dois banhos por dia. Com eles é tudo leve e gostoso, é natural. Eles carregam neles um pouco da minha historia e revê-los me faz lembrar aquilo que eu ja fui e não sou mais.

O passado veio me visitar no ultimo fim de semana e então eu pude calçar de novo os sapatos da menina que se divertia em cima dos palcos. O teatro me trouxe muitas coisas boas e uma das melhores foi, sem duvidas, ela.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sciences Po., baby!

A rentrée, finalmente! A mais esperada desde que cheguei por aqui (se você esta se perguntando o que é essa tal de rentrée, clica aqui). Passei as férias desejando que o ano começasse logo pra eu poder descobrir se eu tinha feito uma boa escolha ou me metido em uma grande furada. Ainda é cedo para concluir, mas posso adiantar que o meu ano escolar começou bem. Se você acompanha o blog ha algum tempo, deve se lembrar que eu queria estudar gastronomia, mas acabei desistindo no dia que o Léo me levou pra jantar no restaurante do Paul Bocuse. Se você chegou agora, eu faço um resumão da novela: Era uma vez uma jornalista que largou a carreira para morar na Europa e que, sem poder exercer a profissão que ama, decidiu seguir um novo caminho - o da culinaria. Acontece que essa pessoa não sabe (e não gosta de) cozinhar, então, depois de longos meses de angustia, decidiu que queria estudar Ciências Politicas para, no futuro, trabalhar como jornalista nessa area. A maluca indecisa sou eu, enchantée!

O curso de Ciências Politicas esta para os franceses assim como o de Medicina esta para os brasileiros, é a melhor maneira de deixar papai orgulhoso. Este é um curso tradicionalmente reservado aos intelectuais, aos alunos que sempre tiveram as melhores notas da sala e aos mais cultos. Ou melhor, era, até eu chegar para bagunçar tudo. Quando um francês pergunta o que eu vou estudar e eu respondo "Sciences Po.", sempre me olham com cara de "conta outra" e depois perguntam: "Humm, você passou no concurso? Conheço 5 pessoas que tentaram e nunca conseguiram entrar". Realmente, é dificil. Tão dificil que eu nunca teria entrado se tivesse que presta-lo.
 
Sei que para nos, brasileiros, pode não fazer muito sentido, mas a politica é tão importante para os franceses como são o queijo e o vinho. Todo francês, de qualquer idade e nivel social, se sente capaz de passar horas discutindo politica (nem todos o são de verdade, ok?). Então, imagine, se até o mais simples dos camponeses entende de politica, como não são sabidos os que seguem carreira nessa area. Quem decide por esse curso são, geralmente, crianças que, além de super inteligentes como eu disse antes, cresceram discutindo politica na mesa de jantar com os seus pais. Por pura coincidência, assisti ontem a um documentario na TV francesa que acompanhou a vida de seis jovens que se preparavam para passar em um desses concursos. Me desesperava ver a quantidade de livros e artigos que eles tiveram que ler, o dominio sobre variados assuntos que eles precisavam ter e a paciência para decorar todos os nomes importantes da politica francesa e mundial de todas as épocas e regimes. No final do documentario, o resultado: nenhum deles passou (e então eles foram fazer Historia, Direito e Geopolitica).

Bom, eu passei (não exatamente no mesmo concurso que eles, mas passei), e hoje tive a primeira reunião para saber como as coisas vão se desenrolar no proximo ano. Agora estou aqui, animadona com os meus duzentos papéis, tentando escolher quais matérias eu vou fazer. Todas tão interessantes, que eu não consigo me decidir. O que você acha, abro mão do curso de Geoestratégia da economia mundial para estudar as relações franco-alemãs depois de 1945 ou fico com as aulas do Prof. Abdelmaki mesmo?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Troca linguistica

Ja que todos os meus amigos resolveram ir embora, não me resta outra alternativa a não ser procurar novas companhias (e quando você percebe que esta correndo atras de amigos, é porque a coisa ta feia mesmo). Acontece que de uns tempos pra ca eu tenho tido dificuldades para investir neste tipo de relação. E nem é porque uma hora ou outra todo mundo vai embora, eu até ja me conformei, vai ver as pessoas estão menos interessantes hoje em dia, enfim. Sei que o fato de morar na França também não ajuda muito, o povo aqui é, digamos, um pouquinho mais fechado que o normal. Mesmo assim, deixei a vergonha de lado e sai confiante procurando um novo amiguinho pra adicionar no Facebook.
 
Na verdade eu estava mais interessada em falar francês que em ser amiga de alguém, mas acabei dando sorte. Descobri um site onde as pessoas se cadastram para praticar idiomas que não os seus maternos. Eu, brasileira, queria praticar o francês, então fui atras de um francês que quisesse aprender/praticar a lingua portuguesa. Sim, esses malucos existem! So em Lyon encontrei cinco anuncios de franceses interessados no português, entre eles o do Cédric - um cara que ja morou na Espanha, nos EUA e que, além de falar 4 idiomas, é apaixonado por tango. Esse site propõe 3 tipos de trocas linguisticas, não so no tête-à-tête (pessoalmente), como também por email ou por chats (falados ou escritos). Por isso, até você que esta ai no Brasil querendo pôr em pratica o seu francês/inglês/espanhol ou qualquer outra lingua pode se inscrever. 

Depois de alguns emails, Cédric e eu marcamos de tomar um café. Nesse dia passamos umas cinco horas jogando conversa fora - uma parte do tempo em francês, outra em português. Cédric fala muito bem a nossa lingua graças ao cursinho de português que fez quando passou uma temporada na Argentina. Ele so não domina ainda a parte xula do vocabulario (mas eu ja estou trabalhando nisso). Depois desse primeiro café, vieram outros e mais outros, sempre nesse esquema de falar ao maximo as duas linguas. Fomos ao museu, ele provou o arroz com feijão aqui de casa e até pro tango ele conseguiu me arrastar! Viramos amigos. E dessa amizade nasceram outras. Entre elas, com a Andrea, a minha mais nova melhor amiga de infância. Divertida, carinhosa, especial - e confirma a maxima de que ninguém é perfeito, sendo argentina.

Tenho gostado do que venho recebendo quando saio da minha zona de conforto. Marcar encontro com um estranho simplesmente para falar francês não era uma opção muito atraente até pouco tempo e acabou dando certo. O problema é que se eu continuar conhecendo franceses e argentinos legais como os que ja conheço, terei que parar de implicar com eles. Dai, ja viu, né? Vai sobrar pros brasileiros.

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