segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Presentes

Ela é o contrario de mim em quase tudo. Tranquila, meiga, abre mão das amenidades para agradar aos outros. A doçura da sua voz, somada ao sotaque de Belo Horizonte, me faz acreditar que vai ficar tudo bem - embora saibamos que não ha a menor chance. Somos também muito parecidas, temos a missão de inventar uma nova vida num lugar onde nunca desejamos passar os nossos dias. Mas ca estamos. Ela com as batalhas dela, eu com as minhas, e ambas mais leves por termos nos encontrado pelo caminho. Se eu pudesse, cortaria as suas asas, deixando sair de mim o lado egoista que eu finjo não possuir para não assustar os novos amigos.

Ja foram mais de mil dias vividos na França e o que mais me conforta são os encontros. Conheci lugares lindos, vi de tudo um pouco. A cada viagem percebo uma parte de mim se transformar, se construir. Mas lugar nenhum se compara às pessoas que cruzei desde que deixei o ninho. O menino ingênuo, que saiu de Aracaju para se descobrir mais forte em Lyon ao mesmo tempo em que me ensinava a comer pipoca com queijo e leite condensado. Os amigos talentosos do sul, tchê!, que me faziam acreditar, pelo breve momento de uma gargalhada, que os meus estavam aqui, e não la. O casal marrento que de amigos nos promoveu a membros da familia através de uma criança. A menina linda, capaz de tratar os animais como gente, mas incapaz de tratar o pior ser humano como um cachorro. Porque eu vim parar aqui, acabei entrando na vida deles todos. 

Muitos chegaram através do blog. "Bonjour, vous êtes Mirelle Matias?", me perguntou um deles na fila da cafeteria. "Sim, sou eu.", respondi, desconfiada do sotaque bonitinho que so brasileiro tem quando fala francês. "Pô, eu leio o seu blog!", continuou aquele que veio a se tornar um dos amigos mais queridos que tenho hoje. A Laetitia, a aniversariante desse 5 de novembro de quem eu falava no começo do texto, também chegou por aqui. Leu o post onde eu assumia a minha coragem de sair para tomar cafés com desconhecidos na esperança de fazer novos amigos e me mandou um email. Eu disse que temos muitas coisas em comum e coragem é uma delas - ou seria instinto de sobrevivência?

Me desculpe, amiga, era pra ser um post de feliz aniversario pra você, mas, pensando bem, vou rouba-lo pra mim. O blog faz 3 anos na proxima semana e por ter conseguido reunir tanta gente bacana graças a um diario virtual eu acho que também mereço os parabéns.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Outono na campagne

Por mais obvio que seja, eu vivo me esquecendo que moro em um dos paises mais bonitos que existem. Deixo de lado os vales, castelos e pequenas cidades francesas para subir em um avião e cruzar a fronteira, quase sem nenhuma culpa. "Trem na França costuma ser mais caro que bilhetes de avião", é a desculpa que dou para mim mesma. Depois, ao ver alguma imagem bonita na TV, eu me arrependo.

Reservamos o ultimo fim de semana agradavel do ano para viajar pela região onde moramos, o Rhône Alpes. Eu queria ver o marrom avermelhado do outono e o Léo esperava encontrar paz - o unico desejo de quem acaba de defender um mestrado.


O mapa nos diz que Saint-Antoine-l'Abbaye não fica muito longe, então vamos. Percebo que ja estamos no interior quando vaquinhas com sinos pendurados no pescoço começam a surgir pelo caminho. Desligamos o ar condicionado, abrimos as janelas e enchemos os pulmões com o ar fresco que bagunça os nossos cabelos.

O trajeto de 1h30 é percorrido em quase três. Paramos diversas vezes para olhar, sentir, imaginar - e também para fotografar porcos. Digo para o Léo que quando tivermos filhos quero me mudar para um lugar assim. Ele sorri, ja sabendo que em cinco minutos eu vou mudar de ideia. Seguimos viagem, com o som desligado e fazendo planos irrealizaveis para o futuro.

Ao chegar ao nosso destino, uma cidade medieval com menos de mil habitantes e uma igreja gotica do século XII, me lembro de Frances Maye e o seu livro "Sob o sol da Toscana". Faço de Saint-Antoine-l'Abbaye a minha Cortona, lugar da Italia onde a americana comprou uma casa para reformar e passar suas férias. Me inspiro na autora para descobrir os segredos da cidade através de uma caminhada atenta. 

No jardim da igreja, crianças correm em cima da grama inacreditavelmente verde para essa época do ano. O lado de dentro é lindo, mas a vista de fora é espetacular. Ansiosos para descobrir o resto, passamos menos tempo ali do que deveriamos.

Em lugares assim, tão fotogênicos, preciso fazer esforço para não fotografar o tempo todo. Embora a câmera seja boa, algumas cenas so os olhos conseguem registrar. Era sabado e, apesar dos cinco graus acima da temperatura normal, as ruas estavam quase vazias. Ruelas de pedras, colocadas ha sabe-se la quantas centenas de anos, so para nos dois.
 

A vitrine da unica padaria do village nos convida para entrar. Descobrimos o sabor do sacristain, uma massa folhada retorcida com nozes e açucar. Delicioso e delicado. Continuamos a caminhar até percebermos a senhora vestida com as cores da bandeira francesa lendo uma revista na varanda de casa. "Oui, madame!", é a resposta que ganho quando pergunto se posso fotografa-la. Eu daria tudo para saber que leitura era aquela que a deixava tão interessada. Viagens? Culinaria? Se fosse sobre a Segunda Guerra, teriamos algo em comum.

O silêncio é quebrado pelo sotaque inglês de um casal maduro que sai de casa para um passeio. Tento ouvi-los, mas pouco entendo. O francês ocupou todo o espaço no meu cérebro. O Léo se cansa de me esperar e se senta no chão. Atras dele, aquele que acabou se tornando o meu lugar preferido na cidade: um beco medieval com uma construção maluca onde portas e janelas se destacam. "Não se mexa, vou fotografar!", digo. La se vai todo o meu esforço em manter câmera e celular desligados.


Almoçamos no terrasse de um restaurante simpatico ao lado da igreja. Dizemos a cada cinco minutos a frase que nossos vizinhos de mesa também não se cansam de repetir: "Final de outubro e estamos comendo do lado de fora, de camiseta!". Meus raviolis cobertos com molho cremoso de cèpes, uma espécie de champignon da região, parecem mais apetitosos que o entrecôte do Léo. Ao lado, um outro restaurante, vazio, onde voltamos para um café no final da tarde. O proprietario conversava com uma cliente local sobre os males dos celulares ligados durante as refeições. Eu tinha acabado de perguntar onde havia uma tomada para carregar a bateria do meu iPhone.

O Léo não gosta muito de bichos, mas se enrabixa com um gato assanhado que pula no colo dele em busca de carinho. Erro mais uma vez, ao insistir em imortalizar a cena através das lentes. Tem uma menina tão linda brincando no jardim abaixo da sacada onde estamos. O Léo acena, ela sorri e diz bonjour. Penso mais uma vez em como seria bom criar os meus filhos ali, com ele.

Engraçado que em um lugar tão bonito esteja a arvore mais triste que eu ja vi, com galhos secos que crescem para baixo. A luz forte do fim do dia da um jeito de transformar a cena, apesar de tudo. Luz do fim do dia? Não vai dar tempo de encontrar o lugar certo para fotografar a igreja!

Corremos até a entrada da cidade, onde deixamos o carro, para analisarmos as possibilidades. Viramos à esquerda, mas deveriamos ter subido pela direita, na estradinha de terra que leva até o alto do morro. Chegamos atrasados. As nuvens de uma chuva que nunca chegou a cair cobrem tudo. Tiro fotos ruins, sem luz, e entro no carro lamentando os cinco minutos perdidos. De repente, um buraco se abre nas nuvens e raios de sol iluminam diretamente a fachada da igreja. Desço do carro a tempo de fazer a ultima foto do nosso passeio, sem foco.


Desligo a maquina e aproveito a vista ao lado do marido, antes de publicar a foto acima no Instagram. Escrevendo este texto, constato que levei tempo demais para perceber que as cenas mais bonitas nunca poderão ser passadas para o computador.





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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Danem-se os banhos!

Faz três anos que eu moro na França. Três anos que eu vivo diariamente a experiência de me transformar. Não houve um unico dia morno, tranquilo. Altos se alternando com baixos. Criticas abrindo espaço para elogios. Resisti o quanto pude, mas a França acabou por me conquistar.

Não cedi aos bistrôs charmosos que aparecem nos filmes, nem à elegância das senhoras super magras. Também não foram os queijos que me ganharam, muito menos os vinhos produzidos aqui - estes eu nem quis experimentar. O que me colocou de joelhos foi o cinema francês, tão diferente do hollywoodiano que a industria brasileira nos força a consumir; o respeito pelas greves, a paixão da população pela politica. Além, é claro, da musica.

Aprendi a ficar à direita nas escadas rolantes, a encher o tanque do carro, a viver sem ralo na cozinha. Abandonei os saltos, aderi ao corte joãozinho, entendi que não devo furar as orelhas da minha filha, nem entupi-la de rosa. Até as cuticulas eu parei de tirar. 

Falo das amenindades porque as coisas sérias eu não saberia listar. Mudei tanto, mas tanto, que eu nem me reconheço em muitos textos que ja publiquei aqui. Se tudo der certo, daqui a 3 anos também não vou me reconhecer nos que estou escrevendo agora. Não quero estacionar. Sei que é de curiosidade que eu preciso para continuar descobrindo lugares interessantes e cruzando essas pessoas bacanas que chegam de todos os lados, inclusive através do blog. Sem curiosidade, eu não conseguiria manter o trato que fiz comigo mesma de viver pelo menos um momento intenso todos os meses do ano. Um trato que me da a tranquilidade de saber que limpar bunda de criança para ter grana para viajar é ok. Que marcar um café com um desconhecido pela internet para praticar uma nova lingua é a coisa mais normal do mundo. Que a prioridade não é trocar o carro amassado, mas acumular carimbos no passaporte.

Eu não sei você, mas eu estou vivendo a vida que eu sempre sonhei e, embora eu saiba que a França não é perfeita, so posso agradecer ao destino por ter escolhido pra mim um cenario tão maravilhoso, onde eu nunca vou ter o conforto de tirar os sapatos e me sentir em casa.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Coimbra - porque ir e o que ver

A Universidade de Coimbra. Foi por causa dela que colocamos Coimbra no nosso roteiro. Ela é uma das mais antigas da Europa, foi fundada em 1290. Faça as contas! Alguns dos livros expostos nas prateleiras da biblioteca Joanina existem ha mais tempo que o Brasil! Até ai nada de mais, todo mundo vai a Coimbra por causa da Universidade. Mas eu tinha um motivo especial para querer visita-la: a minha mãe deu aulas naquele lugar.


Dizem que as mães é que sentem orgulho dos filhos, mas na minha casa sempre foi o contrario. Dona Mirlene passou três meses ensinando e aprendendo nas salas de aula da UC, e dividindo comigo o desafio que ela encarou aos 63 anos de idade. 

Qual é a dificuldade, para uma pessoa que da aulas ha mais de 40 anos, em ensinar do outro lado do oceano, ja que a lingua é a mesma? Se eu disser que as aulas eram em inglês e que a minha mãe, até então, de inglês não sabia quase nada, você deixa um recado bem fofo pra ela nos comentarios?


Claro que eu fiz questão de conhecer a cidade, a instituição e as pessoas que receberam essa maluca. O problema é que eu escolhi a época errada. Julho não é o melhor mês para visitar um lugar que vive e sobrevive graças aos estudantes. Conheci muita coisa interessante, mas a alma da cidade estava de férias - provavelmente curtindo alguma praia no Algarve.


Felizmente, os estudantes não precisam estar presentes para sentirmos que a cidade é deles. Esta muito escancarado. Uma explosão de criatividade, numa mistura de arte e caos, mostra o que eles querem, e também o que condenam. Até quem não tem um olhar apurado percebe isso.


Paguei 5,50€ para ter acesso às instalações que a minha mãe, com a sua carteirinha de professora, não gastava um tostão para visitar. Valeu cada centavo. Ou alguém consegue chorar dinheiro gasto para entrar numa biblioteca que conta com morcegos para conservar os seus livros? Minha mãe tinha insistido: va, porque a Biblioteca Joanina foi eleita varias vezes a mais bonita do mundo. Quase não entrei porque cada grupo de visitantes so pode ficar 10 minutos la dentro e, para o meu desespero, nada de fotos. Ainda bem que mãe a gente obedece.

Com o mesmo bilhete podemos visitar as salas dos Capelos, do Exame Privado, e das Armas, além da Capela de S. Miguel, e a Prisão Acadêmica. Passeio para uma tarde inteira. 


Se pedir o audioguia, vai ficar por dentro dos detalhes mais sordidos da Universidade. A tal prisão, por exemplo, era o pesadelo dos alunos, professores, e funcionarios punidos por mau comportamento. Uma época em que os reitores e a instituição tinham mais influência do que aqueles que governavam a cidade. 


Mas nem so da Universidade é feita Coimbra. As Igrejas da Sé também são lugares que merecem ser visitados. Igrejas, no plural mesmo, porque na falta de uma tem duas: a Sé Nova e a Sé Velha.

Foi na Sé Velha que eu vi como a coisa esta feia em Portugal. Em tempos de crise, patrimônio não tem prioridade mesmo. E não são os dois euros cobrados de cada visitante que vão financiar a restauração que a igreja esta precisando.


Bom, se considerarmos que a construção existe desde 1139, até que ela esta muito bem. Sem falar que, em se tratando de lugares antigos, eu prefiro o gasto ao reformado - assim, a gente sente o peso da historia. E historia não falta pra essa Sé Velha, viu? Ela esta ali desde que Dom Alfonso Henriques se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra como capital do reino.


Mas também tem a Sé Nova. Falando assim, Sé Nova, a gente até pensa que ela foi construida ha pouco tempo, né? Pois saiba que a catedral que substituiu a antiga como sede episcopal de Coimbra, em 1772, começou a ser construida pelos jesuitas em 1598. O Brasil ainda não tinha 100 anos!


Se você perguntasse para a minha mãe o que não da para deixar de fazer em Coimbra, ela te mandaria comprar louça. Você voltaria para casa agradecido por não ter cometido o mesmo pecado que eu: o de ser mão de vaca na hora errada. A Louça de Coimbra é a cerâmica mais nobre de Portugal. Na região da Praça do Comércio tem uma infinidade de lojas para provar que eu estou falando a verdade. Compre. Nem que seja um saleiro. Em Lisboa não vai ser mais barato e você não vai ter o prazer de comprar um produto local produzido desde o século XVI.  


No mais, caminhe. Coimbra, como todas as cidades que visitei em Portugal, merece ser descoberta a pé. Não esqueça de passar no Mosteiro de Santa Cruz para dar um alô para os dois primeiros reis de Portugal enterrados la. Se possivel, atravesse até o outro lado do rio Mondengo e faça muitas fotos para mostrar aos seus amigos como pode ser bonita uma cidade que, graças a uma universidade, possui tradições que sobrevivem até hoje.



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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Portimão e Lagos, dicas para curtir as praias lindas do Algarve


Desde que uma das pessoas mais queridas da minha vida passou a lua de mel no Algarve, eu vinha desejando visitar esse paraiso. Ah, eu sei, é clichê. Mas não existe definição melhor para a costa sul de Portugal, aquilo la é o paraiso mesmo! E olha que quem esta escrevendo é uma pessoa que so conheceu o mar aos 18 anos.


Talvez isto explique o meu desânimo com as praias. Sério, não faço questão. Mas com um marido carioca dentro de casa fica dificil não colocar no roteiro pelo menos um destino de praia nas férias de verão.


Não é que eu deteste praia, so acho chato. A gente senta ali na areia e faz o quê? Fica torrando embaixo do sol? Brigando com as ondas dentro do mar? Mineira que sou, cresci na beira de riachos, saltando das pedras e tomando banho de cachoeira. Não sei me comportar em praias. Quer dizer, não sabia, até conhecer o Algarve.


As praias de la são interativas. Juro procê! As falésias não apenas ajudam a formar um cenario paradisiaco, como também entretêm gente acelerada como eu. Nessas férias eu não precisei ficar apenas deitada lendo livros. Pude me divertir com a maré, que hora subia, cobrindo as passagens naturais entre uma praia e outra, hora baixava, deixando o mar perfeito para mergulhos. Foi a primeira vez que deixei uma praia querendo voltar no proximo ano.


O Algarve é um dos novos destinos da moda aqui na Europa. Por ali estão os traços mais fortes da dominação arabe, que Portugal viveu até 1259. Mas o povo vai mesmo é em busca de praias. 

Da para chegar na região de ônibus, trem e avião, mas fomos de carro (reservamos aqui). As estradas são boas e as praias, tão bonitas, que chega a ser pecado ficar no mesmo lugar.


Cruzar o Pais de norte a sul estava nos nossos planos, mas esquecer a carta de motorista na França, não. O perrengão desta viagem acabou reduzindo a nossa estadia no Algarve à Portimão e Lagos.


Portimão não é uma cidade bonita, mas tem uma super infraestrutura e praias para todos os gostos - além de uma orla movimentada, shopping e opções mais baratas de hospedagem. Viajamos na segunda quinzena de julho e, contrariamente ao que nos disseram, não encontramos praias lotadas. 


A Praia da Rocha, acima, é extensa e bem parecida com as do Brasil - com restaurantes e cadeiras para alugar. O lugar ideal para quem gosta de agito (e para quem precisa de banheiros por perto porque não consegue fazer xixi no mar). Prefere sossego? Então va para a Praia dos Três Castelos, que fica logo ao lado. 


Depois de olhar e fotografar outras praias de Portimão, acabamos fincando o nosso guarda-sol ali mesmo. A praia é uma delicia e o unico restaurante é uma mão na roda para comprar um salgadinho ou bebidas frescas. Até tinham algumas cadeiras para alugar, o que é raro na maioria das praias de todo o Algarve, mas preferimos comprar o nosso guarda-sol no supermercado (8 euros).


As outras praias acabam sendo parecidas porque ao fundo estão as falésias enormes, caracteristicas da região. O que diferencia uma da outra é a extensão e o tipo de gente que as frequenta. Tem o lugar dos nudistas, das familias, dos jovens procurando paquera... Enfim, rapidinho você percebe qual é a sua praia.


Nos hospedamos em Portimão, mas eu queria mesmo era ter ficado em Lagos. Os valores mais salgados da alta temporada atrapalharam os nossos planos, mas nem por isso deixamos de ir até la. A cidade foi capital do Algarve por quase 200 anos e é rica em historia. Na rua Senhora da Graça, por exemplo, tem uma placa indicando o lugar do primeiro mercado de escravos da Europa. Sem falar que o centrinho pega fogo depois das 20h!
 

Lagos carrega a fama de ter as praias mais bonitas do Algarve, dai você pode imaginar que não foi nada facil decidir em qual delas estender as nossas toalhas. Ficamos na Praia Dona Ana, com aguas cristalinas e calmas, de onde saem os barcos que fazem passeios pelas grutas e cavernas do litoral (25€ para duas pessoas).


Juliana, a fofa que teve a sorte de se casar com o cara especial citado no começo do texto, tem mais um monte de dicas sobre o Algarve no blog dela. Assim como a Carol, que também esteve em Lagos e constatou que a região é um dos maiores tesouros de Portugal. Tenho que concordar com ela, embora eu não goste de praia.

Ou melhor, não gostava.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Introdução ao Porto (acredite, você vai precisar)

Não foi amor à primeira vista. Longe disso! Nos blogs que li, so encontrei elogios escancarados para uma cidade que é sim muito charmosa, unica, encantadora, mas que de linda não tem absolutamente nada. Se eu soubesse o que iria encontrar, talvez não tivesse ficado tão decepcionada. Precisei de algumas horas para entender que o Porto é uma cidade que vai te conquistando pelas beiradas, e que o choque inicial passa assim que você resolve dar uma chance para ela.


Você percebe, então, que no meio do caos tem poesia. Nos prédios aparentemente abandonados, vida. Ao pedir informações, presteza. Numa birosca qualquer, o bife prego mais gostoso da sua vida. Percebe também que mal terminou o segundo dia e você ja esta apaixonado.


Caminhar sem rumo, ou flanar, como diriam os franceses, é o minimo que você pode fazer nesta que é uma das cidades mais fotogênicas do mundo. Aproveite também a ausência da barreira da lingua para conversar com todos os nativos que te derem mole. Com a senhora de butuca na janela, com a cozinheira do seu hotel, com o garçom do bar. Em Porto encontramos as pessoas mais simpaticas de Portugal e, escreve ai, é também por causa delas que você vai querer voltar.


Não acho imprescindivel listar os pontos turisticos mais importantes da cidade. O que Porto tem de mais interessante é justamente o meio do caminho. Aquela ruela aparentemente sem graça que liga uma igreja centenaria à outra. A arquitetura maltratada do bairro mais antigo, que quase não recebe mais os olhares dos turistas. Os restaurantes pequeninos, ha gerações nas mãos da mesma familia. Tudo aquilo que, por pressa ou falta de delicadeza, muita gente não consegue enxergar.



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