quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Madame ou mademoiselle?

Grupos feministas franceses organizaram um movimento que, desde o ano passado, luta pelo fim do uso da palavra mademoiselle (senhorita) nos formularios oficiais. Senhorita soa démodé aos ouvidos brasileiros e é justamente isso que esperamos ver acontecer na sociedade francesa.


Mademoiselle é como são chamadas as mulheres solteiras e, nos, as loucas que abrimos mão de uma vida de liberdade e badalação as casadas, somos chamadas por madame. Quando preenchemos qualquer formulario oficial (em prefeituras, universidades, etc.) precisamos dizer se somos senhoras ou senhoritas, o que revela imediatamente o nosso estado civil. Até ai tudo bem, o Brasil também pede esse tipo de informação nos seus formularios, o problema é que aqui na França essa distinção não se aplica aos homens. Eles são todos monsieur (senhor), não importa a idade ou o estado civil.

Por que essas questões são tão importantes na França? Porque esse é o Pais dos Direitos do Homem, que diz que todos são iguais perante a lei. Exigir que as mulheres declarem o seu estado civil enquanto os homens não precisam expor uma situação pessoal e familiar é uma forma de discriminação. No vocabulario até existe para os homens uma palavra equivalente ao mademoiselle, que é o damoiseau, so que francês nenhum usa ou conhece esse termo atualmente. Ficou no passado, assim como o mademoiselle deve vir a ficar em algumas décadas. 

Depois de alguns meses de intenso debate e pressão dos movimentos feministas, o governo decidiu essa semana que a palavra 'senhorita' não estara mais nos forumarios oficiais, sera apenas madame para as mulheres e monsieur para os homens. Uma igualdade conquistada no papel, mas que vai precisar de algum tempo para ganhar espaço na sociedade francesa. Parece impossivel imaginar nos dias de hoje um professor de universidade tratando suas alunas de 20 anos por madame. Mas, se o damoiseau caiu no esquecimento, por que não o mademoiselle

A nova circular derruba também o nom de jeune fille (sobrenome de solteira) e o nom d'épouse (sobrenome de casada). A partir de agora, cada mulher escreve apenas o seu nome e sobrenome, não expondo se esse sobrenome é do pai ou do marido, nem se ela é casada ou solteira. Eu ja contei aqui a trabalheira que esse nom de jeune fille me da todo começo de ano, quando preciso renovar o meu visto. Eu, que não alterei o meu sobrenome quando me casei, sou vista como E.T pela prefeitura simplesmente porque quase ninguém sabe como proceder quando uma mulher opta por não ter no documento o épouse de (esposa de). Como se a gente não pudesse apenas ser, tivesse também que pertencer a alguém (um homem, no caso, ja que aqui na França você nasce filha do senhor fulano e vira esposa do senhor ciclano quando se casa).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Flanando no inverno de Paris

"Errar é humano, flanar é parisiense", escreveu Victor Hugo no seu famoso romance "Os miseraveis". Ele tinha razão, Paris não é uma cidade para conhecer com mapa na mão e roteiro no bolso. Quem vai pela primeira vez deve sim listar os principais pontos turisticos, mas também deve se recusar a ir de um lugar a outro seguindo caminhos pré-estabelecidos. Eu sei, a gente se sente mais seguro, mas alguns lugares precisam ser desvendados no ritmo de quem os visita, e Paris é assim.


Flanar: caminhar sem rumo, sem objetivo e sem pressa. Não saber aonde vai dar. Eu ja contei que é com esse espirito que eu faço as minhas viagens, mas so em Paris eu consigo flanar sem peso algum na consciência - talvez pela certeza de que todas as ruas vão me levar a um lugar bonito. Nunca fico com aquela sensação de estar deixando de ver algo importante, ao contrario, me sinto feliz de, pelo simples fato de não ter me programado, descobrir cantinhos novos toda vez que visito a cidade. Sem falar nas pessoas bacanas em quem a gente esbarra pelo caminho.


A maior expectativa é dar de cara com a torre, como a gente não se programa para vê-la, fica sempre no ar a questão: Em que momento ela vai aparecer? Dai o Léo, com ar despretensioso, diz: "Amor, olha pra sua direita" e BUM!, ela surge, linda e enorme, arrancando o meu fôlego. Todo-ano-a-mesma-historia. Cada vez de um lugar diferente.


A escapada desse começo do mês foi para encontrar a minha mãe, que veio nos visitar. Foi o fim de semana mais frio do ano (onze graus negativos) e foi a primeira vez que vi Paris branquinha, coberta de neve. 


A unica pesquisa feita para essa viagem foi sobre chocolates quentes, porque eu sabia que eles seriam necessarios depois de flanar sob temperaturas tão baixas. No sabado estivemos na tradicional Ladurée para experimentar o chocolate quente com gostinho de amêndoas da casa. Eu sou muito chata com chocolate quente porque não bebo leite, então chocolate quente bom pra mim é aquele que parece Danette, bem espesso - coisa rara de se ver. Mas o da Ladurée é exatamente assim.


No domingo decidimos enfrentar a enorme fila da Angelina para provar o que todos os sites franceses dizem ser o melhor chocolate quente de Paris. A fila é grande, mas anda rapido (20 minutos de espera, mais ou menos - não desanime!). O estilo é o mesmo do Ladurée, so que sem o gostinho de amêndoas. Aprovadissimo! 


Mas chocolate quente sozinho não faz milagre, para esquentar o corpo fizemos também longas pausas em restaurantes e realizamos um sonho antigo de mãe e filha, que era entrar juntas no Louvre. 

Explicando os detalhes do meu quadro preferido (esse ai embaixo)

Le Sacre de Napoléon, de Jacques-Louis David

Avisos: A entrada dos museus de Paris é gratuita nos primeiros domingos do mês. Aproveitar do aquecimento alheio é justo e irrepreensivel para os bravos que batem perna no inverno. Flanar em Paris é imperativo, não importa a época do ano. Bon voyage!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Joyeuse St. Valentin!

Saint Valentin em imagens - não porque elas valem mais que mil palavras, mas porque as palavras insistem em fazer greve de mim.



 

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