quinta-feira, 18 de julho de 2013

Rota da Lavanda, Gorges du Verdon e outras atrações imperdíveis na Provence

Visitar os campos de lavanda da Provença foi o item da minha lista de resoluções para 2013 mais prazeroso de riscar. Embora eu tenha dito no post anterior que viajar pela Provence é gostoso mas definir o roteiro é tarefa ardua, o itinerario da nossa viagem de 3 dias pela região se desenhou naturalmente. A Natalia, do blog Destino Provence, ja tinha me dado a dica: o Plateau de Valensole é um dos melhores lugares para ver os maiores campos de lavanda. Joguei "Plateau de Valensole" no Google e precisei buscar o meu queixo no chão quando vi as imagens. 


O nosso destino final foi Gorges du Verdon, presença garantida em qualquer lista dos lugares mais bonitos da França. Para tornar o longo trajeto mais agradavel, juntei pedaços de 3 entre estes 6 circuitos de lavandas, escolhi alguns Beaux Villages como paradas estratégicas e convoquei dois amigos portugueses. Não tinha como dar errado.


A primeira preocupação de quem programa uma viagem para ver campos de lavanda na Provence é escolher a data certa. Em geral, da para vê-los cheios no inicio de julho, mas a época de floração varia de uma região para outra - sem falar no tempo, que pode atrasar ou adiantar em algumas semanas a plantação e a colheita. Este ano, por exemplo, o verão demorou para dar as caras e, consequentemente, eu fiquei mais mal humorada que de costume os campos também demoraram a ficar completamente roxos.


Foi quando paramos para almoçar em La Garde-Adhémar, um dos 156 vilarejos mais bonitos da França, que avistamos os primeiros campos. Era so o começo de um longo dia parando à beira da estrada para fotografar.


São tantos campos de lavanda, que a certa altura nos perguntamos se estavamos mesmo afim de parar mais uma vez para enfrentar as abelhas em busca de fotos. Sei que desprezar campos de lavanda soa esnobe, mas o Léo ser alérgico à picada de abelha me deixava seriamente dividida entre o bem estar do meu marido e as imagens que ilustram este post.


O segundo dia da viagem foi o mais intenso em se tratando de cenarios inesqueciveis. Não bastasse o flerte escandaloso entre lavandas e girassois em Valensole, encontrei aqui na França um lugar pra chamar de meu. Aquele que não da mais vontade de ir embora, sabe? Em uma comparação rasa, posso dizer que tenho com as cidades a mesma relação que tenho com as pessoas: às vezes o santo não bate, em outras me entrego de cara. Fui presa facil para Moustiers-Sainte-Marie.


O vilarejo de 700 habitantes conseguiu conservar o seu ar provinciano e acolhedor mesmo recebendo tantos turistas. As construções são tipicas da região, a cerâmica fina é o principal artesanato e a culinaria do terroir pode ser descoberta em um dos terrasses que ficam à beira do riacho que passa entre as duas ruelas principais.


Tudo ali é meio magico, principalmente a capela Notre Dame de Beauvoir, que ganhou o meu coração por ter sido construida, sabe-se la como, entre rochedos a 830m de altura. O esforço de subir os 262 degraus é recompensado pela vista mais bonita da cidade.


Moustiers-Sainte-Marie é a porta de entrada para Gorges du Verdon, um paraiso que os estrangeiros não visitam porque ficam tempo demais em Paris. Estamos falando do canyon mais bonito da Europa, com aguas claras e esverdeadas que podemos desbravar alugando pedalinhos ou caiaques à beira do lago Sainte-Croix.


Eu jurava que não me surpreenderia novamente depois do que tinha visto nos dois primeiros dias da viagem, mas foi so chegar em Sisteron para perceber que eu estava enganada. Esta cidade entrou no roteiro depois que assisti a um programa na tv francesa contando que aquela era uma das principais atrações da Rota de Napoleão, trajeto que ele percorreu em 1815, quando deixou a Ilha de Elba, na Italia, para reconquistar Paris.


Sisteron tem inumeros becos e passagens secretas, alguns da idade média. Era domingo e, enquanto percorriamos os labirintos da parte mais antiga do centrinho, os moradores curtiam a piscina publica construida aos pés da cidade medieval. Um piscinão de Ramos francês - gratuito e impressionante.
 

Vencidos pelo calor, também esticamos nossas toalhas por ali e aproveitamos o que deu, até a chuva atrapalhar. Fomos então até o ponto mais alto da cidade para visitar a Citadelle, um forte-castelo que protege Sisteron desde o século XIV e de onde temos esta vista incrivel.


Napoleão sabia que Sisteron, de prefeito e população monarquistas, seria o obstaculo mais dificil antes de chegar a Paris. De fato, a Citadelle estava preparada para impedir a volta de Napoleão, mas ele enviou 100 soldados para render a cidade e conseguiu passar. Sinta-se livre para especular nos comentarios o que seria da França se Napoleão não tivesse voltado. Ao que me diz respeito, eu fico bem feliz de viver em um pais que não tem mais reis e rainhas.


Eramos os unicos visitantes, ja que nenhum outro maluco teve a idéia de subir a 500 metros de altitude enquanto raios caiam a cada 2 minutos e a chuva não dava trégua. Vimos nisso a oportunidade para percorrer calabouços e salões à vontade, fazendo fotos idiotas e dando sustos uns nos outros.

Não da nem para falar que foram 3 dias de descanso porque não paramos um minuto, a Provence é uma região que nunca decepciona, ainda mais nessa época do ano. Lembre-se: a França não é so Paris. Para viajar como um autêntico francês, coloque no seu roteiro alguns Beaux Villages, durma em chambres d'hôtes, almoce plats du jour e rode pelas estradas departamentais.

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