terça-feira, 5 de agosto de 2014

Costa Esmeralda, Sardenha - Dicas de A a Z

Justo eu, que não dou tanta importância para celebrações e ritos tradicionais, adorei a ideia de fazer uma babymoon antes da chegada do bebê. Mais do que uma oportunidade de curtir o marido antes de nos despedirmos da nossa vida a dois (até porque levamos o nosso sobrinho junto), acho que vi nesta nova moda uma desculpa para encaixar um destino paradisiaco nas nossas férias de verão.

Nossa eleita foi a Sardenha, mais precisamente a Costa Esmeralda, região nordeste da badalada ilha italiana, que, como o proprio nome ja diz, nos conquista pela cor impressionante de suas aguas - mas não apenas! Um dos destinos preferidos do verão europeu para ricos e famosos, e que também se revelou acolhedora e totalmente possivel para viajantes menos VIPs, como eu.

Reuni 26 dicas, de A a Z, para ajudar no planejamento da sua viagem. Anote:


A - Aluguel de carro 

Não tem jeito, para se locomover na ilha e conhecer as melhores praias é preciso alugar um carro. Depois de muita pesquisa, encontramos na Locauto as melhores tarifas - e ainda tivemos a grata surpresa de receber um carro duas categorias superiores na retirada.

B - Buongiorno, buonasera!

Existem palavrinhas magicas capazes de conquistar a simpatia do seu interlocutor, independente do idioma que se fala. E, para brasileiros, o italiano é bem mais facil do que parece. Cada vez que vamos à Italia nos esforçamos para aprender um pouco mais, so que desta vez, na Sardenha, foi ainda mais divertido! Os sardos são tão abertos e interessados nos turistas, que praticamente não usamos nosso inglês/francês para nos comunicar. Portanto, a dica é: tente! Nem que seja so para gastar o italiano fajuto que você aprendeu na novela das oito, "capiche"?

C - Coperto

Para não estranhar a cobrança de alguns euros a mais na sua conta, como nos estranhamos, saiba que, caso você se sente para comer em algum lugar, tera que pagar pelo coperto. Deixar a cesta de pães intacta acreditando que assim ira economizar não funciona - também tentamos.


O jeito é se conformar com a cobrança dessa taxa que engloba o uso dos talheres, das taças, do azeite da casa, etc. Este blog traz a explicação: "O pagamento do Coperto nos restaurantes nasceu na Idade Média, quando muitas pessoas usufruíam dos locais para consumir a própria comida, sobretudo na estação fria e nos dias de tempo ruim. Os restaurantes, portanto, não podendo vender a sua comida para essas pessoas, faziam pagar o serviço pelo 'posto coberto' utilizado -  daí o nome, coperto".

D - Del Principe 

A Spiaggia (praia) del Principe é uma das mais bonitas de toda a Sardenha. Exatamente aquilo que esperamos encontrar quando pensamos em Costa Esmeralda. Praia pequena, de areia fina e mar transparente, cercada por vegetação e com rochas nas extremidades. Ideal para crianças porque o mar é bem calmo e a temperatura da agua é perfeita no verão.


O unico ponto negativo é que o acesso é um pouco "dificil" (entre aspas mesmo, porque se, assim como eu, você não vê problemas em caminhar 800m e descer menos de 10 minutos por uma trilha segura, o acesso não chega a ser complicado). Tem como infraestrutura um bar com banheiros e aluguel de cadeiras/guarda-sol. Simplesmente, va!

E - Easyjet

"Ah, mas passar as férias em uma ilha como esta deve ser caro demais!". Não se você se organizar para comprar as passagens com antecedência. A Easyjet, uma das companhias low cost mais importantes da Europa, faz, nos meses de verão, Lyon-Olbia em menos de 2 horas, além de voar a partir de Milão, Berlim, Londres, Paris e outras capitais. Pagamos 78€ por pessoa pelos bilhetes de ida e volta em pleno verão europeu.

F - Feiras de artesanato

A Sardenha é muito famosa pelo artesanato que produz utilizando técnicas tradicionais. Cada região nos encanta com suas especificidades: tapetes tecidos à mão, cestos, bordados ou cerâmica. Um otimo lugar para garimpar peças e trazer presentes e lembranças para casa são as feirinhas de artesanato. A de San Pantaleo acontece às quintas durante o verão e a de Olbia, todos os dias à noite.

G - Girgolu

Foi uma foto no Instagram que colocou definitivamente a Cala Girgolu (calas são baías) na minha lista. O lugar é realmente espetacular, mas chegar la da um trabalhão (especialmente na minha condição de gravida). 


Quer se aventurar? Então, anote: Jogar "Cala Girgolu" no GPS e não desanimar quando cair numa praia sem graça - é no estacionamento desta praia que devemos deixar o carro. Antes de chegar na praia, tem a entrada de um condominio fechado, onde so moradores podem entrar com veiculo. Diga buongiorno para o rapaz que fica na entrada e siga caminhando condominio a dentro. Desça à esquerda numa trilha que leva a uma outra praia, minuscula. Siga pela direita, caminhando por trilhas e passando por muitas pedras de granito esculpidas pelo vento e pelo mar. Depois de uns 20 minutos, quando vir a primeira imagem acima, você sabera que encontrou o lugar certo. A recompensa? Uma praia quase vazia, cheia de tranquilidade, perfeita para ver peixinhos ao mergulhar.

H - Hong Da

Talvez seja a dica mais xinfrim deste post, mas com certeza é muito util. Uma daquelas lojas com preços camaradas e produtos made in china onde se encontra de tudo! Ela fica bem perto do aeroporto de Olbia e foi la que compramos guarda-sol, oculos para mergulho, travesseiro inflavel para tomar sol e raquetes de frescobol (voando com mala de mão na Easyjet não da para levar nada disso). Endereço: Via Antonio Melis, 12.

I - Ilhas

Se visitar uma ilha italiana ja soa irresistivel, imagine visitar outras ilhas estando em uma ilha!? O arquipélogo de Santa Maddalena, ao norte da Costa Esmeralda, é o lugar mais procurado pelos turistas. São 7 ilhotas principais que podem ser visitadas em um dia (passeio vendido em todos os lugares). As fotos de cada ilha são tentadoras, mas não arriscamos porque sabiamos que, gravida, eu tinha muitas chances de passar mal com um passeio de barco tão longo. Mas não sosseguei. Foi na ilha de Tavolara que encontramos a praia mais paradisiaca da nossa viagem.


A faixa de areia branca cortando o mar, as unicas 20 e poucas pessoas que passaram o dia ali com a gente e o mar turquesa formavam o cenario perfeito para encerrar a nossa viagem com chave de ouro! O barco que leva até a ilha sai de Porto San Paolo e custa 15€ por pessoa (ida e volta). A travessia dura uns 20 minutos.

J - Jazz Hotel

Passamos as ultimas duas noites em Olbia para conhecer praias mais ao sul da Costa Esmeralda. Nos hospedamos no Jazz Hotel, um 4 estrelas novinho a 500 metros do aeroporto (uma mão na roda para quem tem vôo cedo, como era o nosso caso).


Não acho que Olbia seja o melhor lugar para montar base e visitar as praias mais bonitas - embora ela fique a apenas 30 minutos de Porto Cervo, por exemplo. As estradas são tortuosas e movimentadas no verão. Até da para ir e voltar todos os dias, mas não é a melhor opção. De qualquer forma, considere o Jazz hotel caso precise se hospedar em Olbia.

K - Kitesurf

A Sardenha também é perfeita para quem pratica esportes aquaticos. Em todas as praias pudemos ver pranchas com pipas deslizando pelo mar. O combo mar+vento atrai esportistas do mundo inteiro porque o clima da ilha é ideal para o esporte em pelo menos 9 meses do ano. Quem tiver interesse, pode procurar uma escola de kitesurf onde estiver hospedado.

L - La Pasqualina

Ah, os gelatos italianos! Foi em Milão que tomei o melhor sorvete da minha vida e na Sardenha que provei o segundo mais gostoso. Dificil acreditar que exista sorveteria melhor que La Pasqualina em toda a ilha! Os gelatos são cremosos e artesanais, tão bons que dirigiamos de San Pantaleo a Porto Cervo todas as noites so para experimentar novos sabores (o de mascarpone é de comer rezando!). 3,50€ a bola.

M - Multas

Não existem praias urbanas na Costa Esmeralda e, como todo mundo precisa de carro para chegar até elas (quase todo mundo - os ricos vão de barco), os estacionamentos ficam sempre lotados. Sem falar na despesa que é pagar para estacionar todos os dias (em média, 8€ pelo dia todo). Por isso, a tentaçao de deixar o carro à beira da estrada, como fazem muitos turistas, é grande. Evite. Todos os dias, em todos os horarios, vimos policiais multando os carros estacionados nestes lugares.

N - Nossa praia preferida

A Spiaggia Capriccioli é outra que figura entre as mais bonitas da Costa Esmeralda. Aquela coisa chata, sabe? Aguas cristalinas, areia fina, mar calmo, paraiso, não me tira nunca mais daqui, etc e tal.


Por ser bem pequena, é disputada (mas logo aprendemos que chegar em qualquer praia por volta do meio-dia era o ideal porque muita gente sai para almoçar deixando, assim, espaço na areia e vagas no estacionamento). Tem um restaurante ao lado que vende picolés, bebidas, lanches e onde se paga para usar o banheiro. Foi a praia de mais facil acesso que visitamos, você deixa o carro e ja esta com o pé na areia - coisa rara na Costa Esmeralda. Como não amar uma praia que, além de mar turquesa, tem nome de pizza, me diz?

O - Olbia

O aeroporto de Olbia foi a nossa porta de entrada para a Costa Esmeralda. O maior atrativo da cidade é mesmo a feira de artesanato que movimenta o centrinho à noite. Como eu disse acima, acho desgastante montar base ali (estradas de mão unica, tortuosas e movimentadas na alta estação).

P - Porto Cervo

Porto Cervo é o vilarejo mais chique da Costa Esmeralda. Hotéis luxuosos com diarias altissimas dividem lugar com os restaurantes mais disputados e as baladas mais VIPs da ilha. Curte este tipo de ambiente e pode banca-lo? Então este é O lugar para se hospedar.

Q - Queijos italianos

Os franceses adoram pensar que ninguém no mundo produz queijos e vinhos saborosos como os deles. Sobre os vinhos talvez eles tenham razão, mas queijo gostoso mesmo quem faz são os italianos. Todos os dias passavamos no mercadinho ao lado do nosso hotel para comprar algum queijo diferente para comer na praia.


A melhor descoberta foi, sem duvidas, a treccia sarda affumicata - um queijo trança produzido na ilha que lembra o provolone.

R - Rena Bianca

Das praias que visitamos, esta é a que tem a melhor infraestrutura, com banheiros, bar, aluguel de cadeiras de praia, de pedalinhos, jet-ski e caiaques. Assim como as outras, tem estacionamento, mas ainda é preciso caminhar uns 15 minutos depois que deixar o carro.


As aguas transparentes, com mar turquesa, caracteristicos da Costa Esmeralda, estão la. Mesmo assim, não foi ela quem ganhou meu coração. Voltamos apenas para alugar um pedalinho com escorregador no final do dia (15€ por 1h).

S - San Pantaleo

Este charmoso vilarejo foi uma das surpresas mais agradaveis da nossa viagem! Decidimos que nos hospedariamos la porque so encontramos comentarios apaixonados sobre esta pequena vila construida no século 19 entre montanhas e enormes rochedos de granito.


Artistas e artesãos foram se instalando ali porque o lugar tem mesmo algo de magico. Sua localização também é perfeita para visitar toda a Costa Esmeralda - a 30 minutos de Olbia, 15 ou 20 das praias mais bonitas e a 15 minutos de Porto Cervo. Ficamos no Hotel San Pantaleo, um 3 estrelas familiar com otima piscina e estacionamento.

T - Trattoria pizzeria Ichnos

O que todo mundo espera quando viaja para a Italia é comer bem. Comer bem pagando pouco então, é um sonho! Tivemos a sorte de descobrir esta trattoria em San Pantaleo logo que chegamos e não nos arrependemos de ter passado por la todos os dias (para o almoço ou jantar).


No cardapio: massas (incluindo o delicioso spaghetti alla cozza), saladas, carnes e pizzas. Os pratos custam entre 8 e 13€. Comemos tão bem, que não tenho nem vergonha de dizer que este restaurante é uma das razões pelas quais vou me hospedar em San Pantaleo quando visitar a Sardenha novamente.

U - Ultimos presentes/lembranças

Quero aproveitar o post para me desculpar com as pessoas que vão receber um postal meu da Sardenha, eles são muito feios! Procurei por toda a parte, mas postal nenhum retratava a beleza daquelas praias. Se alguém tivesse me contado que seria na zona de embarque do aeroporto que eu encontraria os postais mais bonitos, eu teria relaxado. Pois bem, é isso (você pode comprar os selos la mesmo e deixar os postais para o pessoal da loja enviar). Sem falar nos potes de mel e nas garrafas de licor produzidas na ilha, que não deu para comprar antes por causa do limite de 100ml em malas de mão. Os artesanatos mais bonitos também estão la.

V -Vinhos

Saimos de Lyon instruidos por amigos italianos a experimentar os vinhos sardos, aparentemente famosos em toda a Italia. O clima ameno é propicio para a produção de uvas muito boas, que depois são transformadas em vinhos fortes. Até nos supermercados da para encontrar vinhos de boa qualidade, mas lemos no nosso guia que compensava mais ir direto nos fornecedores. Por estarmos voando sem despachar malas, não seguimos a recomendação. Mas o marido gostou muito dos que bebeu la, inclusive os vinos da tavola.

W - Windsurf

Assim como o kitesurf, o windsurf é um esporte super praticado na Sardenha. Sim, é verdade que no sul da ilha existem praias mais apropriadas, mas vimos muitos windsurfistas se divertindo no mar, o que nos encheu de vontade. Por motivos de: tem bebê na minha barriga, deixamos para uma proxima vez, mas tem escola em Porto Cervo para quem quiser se jogar.

X - Xô, preguiça!

Férias na praia é sinônimo de descanso e pernas pro ar, certo? Não na Sardenha! Logo percebemos que praia naquela região é algo que se merece, principalmente as mais bonitas. Tirando a Capriccioli, tivemos que fazer um pouco de esforço para chegar em todas as praias que visitamos.


Também foi preciso dirigir até Porto Cervo todas as noites para tomar o melhor sorvete da ilha. Portanto, não se acomode! Uma vez na Costa Esmeralda, aprendemos rapido que quanto mais dificil é, mais recompensador sera.

Y - Yogurt con miele

Não estamos na Grécia, então, o mais famoso desta dupla não é o iogurte. O mel produzido na ilha é apreciado em toda a Italia por ter sabor pronunciado, deixando qualquer item do café da manhã mais saboroso. Todos os dias, eu abria um potinho de mel para acompanhar o meu iogurte. Ao que parece, una copetta di yogurt con miele e noci é indispensavel no café da manhã dos sardos.

Z - Zedda Piras

Quer experimentar uma bebida tipica da região? Então opte pelo digestivi.


O licor mais famoso é o Mirto, tinto ou branco, feito com folhas de murta. O preferido dos locais é o Zedda Piras. Léo garante que é delicioso.


So falta fazer as malas!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Gravidez na França - o segundo trimestre

Meu bebê ainda nem nasceu, mas eu ja descobri uma coisa sobre a maternidade: não existe consenso. Pelo contrario! O que não falta é gente jurando de pés juntos que tal comportamento é melhor para a criança, enquanto outros tantos garantem que é justamente o contrario que fara de você uma mãe exemplar. Por isso eu decidi passar longe dos foruns de maternidade e evito ler demais sobre o sono do bebê, o quarto do bebê, a comida do bebê.... Ja sou por natureza uma pessoa de convicções muito fortes e sei que educar uma criança segundo minhas certezas não vai ser tarefa facil, então, pra que adicionar novos elementos ao que ja se anuncia tão complicado?

Apesar disso, acredito que Léo e eu seremos pais muito tranquilos e que vamos sempre preferir o caminho da simplicidade quando o nosso bebê chegar. Uma das maiores provas disso foi termos esperado sem problemas até o sexto mês, quando começaram os soldes aqui na França, para montar o enxoval. Até então, não tinhamos comprado sequer uma meia - justo eu, que sempre pensei que quando me descobrisse gravida sairia torrando tudo no shopping.

Os soldes (queimas de estoque que acontecem duas vezes por ano) casaram perfeitamente com o momento mais emocionante da gravidez até agora: a descoberta do sexo do bebê. Sei que no Brasil essa noticia pode chegar ja no primeiro trimestre, mas aqui na França o mais comum é confirmar no ultrassom do 5° mês. Tão logo descobrimos que é uma menina, tão logo percebi como sera dificil fugir do rosa. Felizmente, temos encontrado peças lindas no maravilhoso mundo azul dos meninos!


Minha falta de interesse pelo rosa vai além da cor em si. Acho que entupir meninas de rosa é tão representativo quanto furar a orelha delas - habito pouco comum na França, que também gera questionamentos em mim. Estas são, na minha maneira de pensar, formas de gritar ao mundo desde o momento da sua chegada que aquele bebê é do sexo feminino (e eu não vejo qual o interesse em deixar isso claro para estranhos). Se amigos e parentes sabem que é uma menina, qual a necessidade de limitar o seu universo de cores e comportamentos desde o nascimento? Não pretendemos fazer isso em nenhum outro momento da vida da nossa filha (ela jamais vai ouvir dentro de casa a frase: "não pode, isso é coisa de menino"), portanto não sera na sua chegada que vamos começar.

Não estou dizendo que minha pequena não vai usar rosa, mas que esta sera apenas mais uma cor no seu guarda-roupas. Dos 10 bodies que compramos para o primeiro mês, por exemplo, dois são rosa. Acho que esta de bom tamanho. Quero que ela transite pelo mundo do amarelo, do azul, do cinza e do vermelho, antes de chegar na idade de querer usar apenas rosa porque as coleguinhas da escola so conhecem esta cor. O mesmo vai acontecer com os brinquedos. Carrinhos e bonecas dividirão o mesmo espaço.


Além de preparar o enxoval, outra preocupação que tivemos neste segundo trimestre foi escolher o nome da nossa filha. Se no nosso pais de origem este ja é um grande desafio, imagine como é dificil encontrar um nome que funcione em português, em francês e também em inglês (afinal, não temos planos de ficar na França pro resto da vida). Alguns se parecem na escrita, mas têm pronuncias completamente diferentes. Outros são lindos em francês, mas não funcionam em português.

Depois de muita reflexão, encontramos: Alice.

Uma das poucas personagens de historias infantis que fogem da narrativa da princesa à espera de um principe para salva-la. A Alice, do romance de 1865, é uma garota suficientemente inteligente para resolver enigmas e, ao mesmo tempo, curiosa e corajosa para embarcar em aventuras atras de experiências que farão dela uma pessoa melhor. Ela questiona os valores ultrapassados da sociedade em que vive, usando um vestido azul. Sem falar que nossa Alice realmente vai morar num pais maravilhoso, então acho que acertamos na escolha.

Ja estamos tão focados nela, que o tempo parece se arrastar. Não entendo quem me diz que esta é uma fase maravilhosa. Pra mim parece que não vai terminar nunca, que estou gravida ha 1 ano! A Alice mexe cada vez mais, mas eu continuo tendo uma gravidez tranquila, sem sustos nem dores. Sabemos que neste ultimo trimestre tudo pode mudar, por isso decidimos nos despedir da nossa vida a dois com uma babymoon para a Sardenha (proximo post). Para nos, que adoramos viajar, foi a oportunidade que precisavamos para descansar e nos preparar para a chegada da terceira tripulante.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Gravidez na França - o primeiro trimestre

Passada a euforia da descoberta, começa a bater o desespero. O que sabemos sobre maternidade/paternidade? Nada! E não temos a menor ideia de por onde começar. Viver essa experiência em um pais estrangeiro também não facilita muito as coisas...

Por motivos obvios, eu não sei como é ter filhos no Brasil, mas imagino que quando uma mulher se descobre gravida, a primeira providência é marcar uma consulta para confirmar a gravidez, realizar os primeiros exames e receber desde o comecinho todas as instruções para que ela tenha uma gravidez saudavel. Acontece que, como todo mundo sabe, eu não moro no Brasil. E as diferenças começaram a surgir muito antes do que eu imaginava, logo que liguei para tentar marcar essa primeira consulta com o meu ginecologista daqui:

- Bonjour, madame, gostaria de marcar uma consulta. Estou gravida. 
- De quanto tempo?
- Duas semanas.
- Ok, esta marcada para abril.
- Abril??? Mas abril é daqui 3 meses!
- Isso mesmo. E não se esqueça que a senhora precisa escolher uma maternidade e se inscrever o mais rapido possivel se quiser garantir uma vaga. Au revoir!

Tum-tum-tum...

Ficamos la, eu e a minha cara de pastel, penduradas no telefone por alguns minutos repassando aquela conversa surreal até eu me convencer que o problema não era o meu francês, ela realmente havia dito abril. Quem me acalmou foi a minha comadre, que teve o meu afilhado aqui em Lyon e esta no final de uma segunda gravidez em Paris, me dizendo que na França é assim mesmo: "A possibilidade de um aborto nos três primeiros meses é muito grande, então eles so te consideram realmente gravida depois desse periodo. Até la, você vai se sentir meio abandonada, mas vai ver que depois eles cuidarão muitissimo bem de ti".

Quando você descobre que todos os gastos médicos com a gravidez (exames, consultas, internações e partos) são totalmente gratuitos para qualquer mulher gravida na França (seja ela francesa ou não), fica mais facil entender e aceitar que em um lugar onde o sistema publico é acessivel e de qualidade, ele precisa de certas regras para continuar funcionando. E não é assim porque é publico, não. Ao contrario do Brasil, onde quem pode pagar consultas particulares consegue ser atendido antes, aqui na França as regras são as mesmas para todo mundo. O meu médico, por exemplo, atende no publico e no privado (que, no meu caso, também sai de graça porque eu tenho um bom seguro de saude que reembolsa a diferença que o governo não paga), e mesmo assim eu não consegui uma consulta antes da 12a semana. Tive que acalmar meu coração e dançar conforme a musica.

Quer dizer, tive mais ou menos, né? Porque eu acabei driblando o sistema.

O carnaval estava chegando e a nossa ida para o Brasil ja estava programada ha algum tempo. Embora eu tivesse apenas um mês de gestação, Léo e eu sabiamos que aquela seria a nossa unica chance de dar a noticia pessoalmente para a familia e receber os abraços dos nossos queridos. Abraço em vida de expatriado so não vale mais que coxinha frita na hora, ainda mais quando se mora na França!

Procuramos o nosso médico de familia (aqui temos um médico generalista que sempre nos atende antes de nos encaminhar para um especialista) e falamos da viagem. Ele proprio sugeriu que fizéssemos um ultrassom para ter certeza que o ovulo fecundado estava bem implantado, que estava tudo bem com o bebê. Mas foi uma exceção. De maneira geral, os pais so vão ouvir o coração do bebê na primeira ecografia, realizada entre a 11a semana e a 13a. Se for uma gravidez normal, 3 ultrassons serão pagos pelo governo (3°, 5° e 7° mês), mas pode variar em gravidez de risco. Os pais também podem fazer outros sem pedido do médico, claro, mas terão que pagar do proprio bolso.


E é basicamente isto. No primeiro trimestre, precisamos apenas nos preocupar em controlar a ansiedade e resolver duas tarefas administrativas. A primeira é escolher a maternidade, se inscrever e torcer para sermos aceitos - o que fizemos logo que soubemos que estavamos gravidos. A segunda é enviar a déclaration de grossesse (declaração de gravidez) fornecida pelo médico depois da ecografia de 12 semanas. Este documento que comprova a gravidez vai garantir o acesso às vantagens socio-econômicas aos quais as gravidas têm direito (falarei mais sobre isso em outro post).

Como se vê, os 3 primeiros meses foram bem tranquilos por aqui. Não tive nada de enjoos, nem desejos, insônia ou dores de cabeça. Alias, não tive dor em canto algum! So sentia que estava realmente gravida porque o meu apetite triplicou. Agora, se você perguntar ao Léo o que o fazia ter certeza de que ele seria pai, não tenho duvidas que ele vai dizer que eram as alterações nada sutis no meu humor.







PS: Como não sei muito bem como funciona todo o processo médico relacionado à gravidez no Brasil, vou adorar se alguma mamãe ou algum papai quiser compartilhar comigo experiências e informações. O atendimento no sistema publico é muito diferente para o particular? Sinta-se à vontade para papear! A caixa de comentarios esta aberta pra isso!  :)



segunda-feira, 5 de maio de 2014

A descoberta

14 de fevereiro, dia dos namorados na França. Me levanto e logo percebo que o nosso trato de não trocarmos presentes havia sido descumprido - como todos os anos, alias. Em cima da mesa, flores, cartão e uma caixinha com os melhores macarons da cidade. Mulher de palavra que sou, não havia comprado nada pra ele.

O mais romântico aqui em casa sempre foi o Leonardo, so que desta eu vez eu estava disposta a surpreendê-lo. Com duas semanas de atraso, senti que aquele era o dia certo para fazer o teste. Entrei no banheiro e custei para sair quando a segunda linha foi aparecendo. Sozinha em casa, chorei. Estavamos tentando engravidar ha algum tempo e cada teste negativo abria espaço para o desânimo. Ao ver o resultado positivo, senti que ia explodir se não contasse pra alguém. Mas quem poderia me acalmar como uma mãe, me parabenizar como uma amiga e, ao mesmo tempo, me aconselhar com suas experiências? Alguém que ja tivesse passado por aquela situação um punhado de vezes, claro! Foi ai que eu mandei uma mensagem pra Karine, blogueira e mãe de quatro.

A resposta foi imediata, cheia de ternura e apoio. Contente por ter dividido a novidade, me acalmei e pude pensar na melhor maneira de contar ao Léo que ele ia ser papai. Tomei o meu café da manhã, comi um macaron, depois mais outro, e... bingo!, encontrei o que eu precisava! A caixinha dos macarons era do tamanho exato do teste de gravidez. Comi tirei todos macarons de la, coloquei o bastonete e deixei em cima da mesa. 

Ao final do dia, Léo me buscou no trabalho trazendo com ele mais um presente (desta vez, um tênis encomendado de Londres que eu estava querendo ha muito tempo), me obrigando a fazer o tipo desconsolada por não ter nada especial para dar em troca. Chegando em casa, preparamos o jantar juntos, como fazemos todas as noites, e so depois do banho é que me deitei no sofa e pedi pra ele pegar a caixinha de macarons que estava em cima da mesa. "Oba, sobremesa!", pensou. Tadinho! Levou alguns segundos para substituir a cara de decepção ao não encontrar nenhum macaron la dentro pela alegria de entender o que diabos aquele pauzinho estava fazendo ali. Expressões que eu nunca vou esquecer (até porque eu tenho isso em video, mas estou guardando para usar em caso de chantagem)!

Dormi como um anjo naquela noite - por me descobrir mamãe, mas também por saber que este ano quem deu o melhor presente de dia dos namorados fui eu.




quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tudo novo. De novo. O novo.

Apesar de ter prometido a mim mesma que este ano eu não deixaria o blog tão abandonado quanto no ano passado, tenho tido pouca vontade de escrever aqui. Não sei se porque em quatro anos a maneira de blogar mudou muito e eu simplesmente não me adaptei, ou se quem esta diferente sou eu. Minha unica certeza é que ja não tenho mais tanta necessidade de compartilhar descobertas, viagens e, principalmente, a minha vida. Talvez os muitos blogs inspiradores que venho descobrindo nos ultimos tempos tenham me mostrado que a minha rotina não é tão excitante assim. Até sento para escrever quando vivo algo diferente, mas, logo penso: "e isso vai mudar a vida de quem?". Então, eu fecho o computador e abro um livro. 

Você não imagina quantos posts não terminados eu tenho aqui!

O desânimo com a vida de blogueira é tanto, que nem mesmo o mais feliz dos acontecimentos me motivou a publicar. Venho guardando comigo um segredo que, dois anos antes, eu teria compartilhado tão logo eu visse a segunda linha aparecendo no exame.


Nessas 14 semanas em que ja somos três, pudemos digerir bem a novidade e receber os abraços dos mais proximos quando estivemos no Brasil para o carnaval. De la pra ca, me questionei muito sobre o futuro do blog. Continuo escrevendo apenas sobre viagens? Faço um outro blog sobre maternidade? Deixo pra la esse mundo virtual e me concentro apenas no bebê? 

Se eu publiquei este post, é porque ja tenho a minha resposta.

Quando eu cheguei na França, ha quase 5 anos, eu não tinha amigos. E não podia sequer procura-los porque no meu vocabulario faltava um simples bonjour. Eu não sabia que quando francês diz que algo "não esta ruim" (pas mal), ele esta, na verdade, fazendo um elogio. Não entendia porque as mulheres não tiravam os esmaltes, pouco se lixavam para chapinha, nem eram paranoicas com depilação, até cortar o meu cabelo joãozinho. Precisei de 7 longos meses gelados para entender porque eles ficam adoravelmente gentis no começo da primavera. E so entendi o valor de uma manifestação quando comecei a fazer parte delas. 

Para escrever o ultimo paragrafo eu precisei reler alguns dos meus textos. Visitei o meu passado e percebi que ele é cheio de falhas. Ao invés de vergonha, senti orgulho de ver que amadureci e que sou hoje mais culta, menos vazia e mais engajada do que era cinco anos atras. Não fosse o blog, talvez eu não pudesse fazer esse tipo de avaliação. Portanto, continuarei! A blogosfera segue se transformando, mas eu decidi manter um estilo simples, honesto e muito pessoal para dividir com os leitores essa nova e emocionante etapa da minha vida. Sera que ainda tem alguém por ai me acompanhando? :)



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O sonho da casa propria

Léo e eu adoramos o nosso cantinho porque, apesar de pequeno, é a nossa cara. Cuidamos com carinho de cada ambiente garimpando durante as nossas viagens peças que dão mais personalidade aos moveis Ikea na nossa sala. Mas um dos principais motivos de gostarmos tanto de morar neste apê é saber que, se der vontade, basta embalar tudo e devolver as chaves.


A unica vez que cogitamos parar de viajar para investir em um apartamento foi logo depois que nos casamos. Nessa época eu descobri que comprar a casa de um velhinho e ficar torcendo para ele morrer rapido era a opção mais em conta para casais que, como nos, não possuem economias para investir na casa propria. 
 
Eh a tal venda en viager, onde os proprietarios (geralmente idosos viuvos e sem filhos ou familia) vendem seus imovéis por preços bem abaixo do valor de mercado. Bem abaixo mesmo! Um apartamento avaliado em 580 mil euros, por exemplo, sai por 236 mil euros de entrada + mensalidades de 500€ se for comprado en viager. Ou seja, você compra, mas não leva - não imediatamente. E é ai que entra a parte chata da historia: ficar torcendo para o proprietario bater as botas para, finalmente, poder se instalar no seu doce lar.

Antes que você pense: "Credo! De onde foi que os franceses tiraram essa ideia?", eu explico que francês é pratico. Criaram o viager porque, acredite ou não, tinha gente morrendo por aqui e deixando imovéis carissimos pro governo - simplesmente por não terem herdeiros. Dai surgiu essa proposta, que permite que familias invistam nas suas casas proprias, mas que, ao mesmo tempo, garante uma vida mais confortavel para os aposentados. Ambos se beneficiam porque o aposentado, além de levar a bolada da entrada e receber uma quantia todos os meses, tem garantido o direito de continuar no imovel até morrer. E o comprador, bom, o comprador pode economizar até 50%.

Outro dia assisti a uma reportagem sobre um senhor de 80 e poucos anos que vivia sozinho por não ter se casado nem tido filhos, e que recebia uma aposentadoria de 400€ por mês (muito baixa, visto que o salario minimo na França é de 1.430€). Um caçador de imoveis descobriu o cara e, ao visitar a casa dele, a avaliou em 800 mil euros! Propôs então que ele a vendesse pela metade do preço, cobrando uma entrada de 200 mil e o resto em prestações de dois mil euros por mês. Sua renda mensal passou de 400€ para 2.400€! Sem falar no dinheiro da entrada, que ele decidiu gastar viajando. Ja o comprador... bom, este deve fazer mandinga todo mês.

O viager é, acima de tudo, um enorme risco para quem compra. Afinal, você não sabe quantos anos o proprietario ainda vai viver. Tem um caso famoso aqui na França que faz a gente pensar duas vezes antes de investir num negocio desses. Jeanne Calment, uma viuva de 90 anos e mãe de dois filhos ja falecidos, vendeu a sua casa para um casal (o homem tinha 47 anos na época) e recebia todos os meses uma boa quantia. Trinta anos depois, quando o comprador faleceu aos 77 anos, a danada continuava viva e esbanjando saude. A esposa do comprador teve que continuar pagando as mensalidades até que Jeanne falecesse, aos 122 anos de idade! No final, a casa custou duas vezes o valor negociado.

Azarada que sou, sei que também vou me dar mal se fizer este tipo de investimento, mas me divirto olhando os anuncios de viager no jornal. Além da descrição tradicional, tem também a idade dos proprietarios: "2 quartos em Paris, 60m2, vista para a Torre, homem de 78 anos". So falta o historico médico, facil de descobrir visitando o apartamento e batendo um papo com o dono. Para mostrar que o apartamento é um otimo negocio, os proprietarios contam com que frequência vão ao hospital e os problemas de saude que andam tendo... como se dissessem: ja tive dois infartes nos ultimos anos e o meu colesterol esta explodindo, amigo! Pode assinar o contrato que você vai se dar bem!

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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Um roteiro de cinema em Lyon

Eu moro num bairro meio afastado do centro, o que não é de todo mau. Tem comércio, bons restaurantes, metrô. Às quartas, tem uma feira orgânica e, aos sabados, a tradicional - com barracas de cacarecos e livros que eu adoro garimpar.

Mas até pouco tempo eu pensava que, turisticamente falando, o 8ème não era um lugar interessante. Quando recebia visitas, corria para o centro da cidade. So que isso começou a mudar. Passei a dividir o meu tempo livre entre os bairros mais tradicionais e o meu. E foi nesse ajuste que finalmente eu pude visitar o museu-simbolo de Lyon, ao lado de casa.


Não gosto de classificar passeios como "obrigatorio" ou "imperdivel", mas me permito a escorregada para dizer que estes adjetivos se aplicam perfeitamente ao Museu Lumière, principalmente para os cinéfilos que sonham visitar o local onde foram rodadas as primeiras cenas da historia do cinema e conhecer a casa e a vida dos irmãos franceses que inventaram a sétima arte.

Se identificou? Então este é um programa para fazer assim que você colocar os pés na cidade - antes mesmo de seguir este roteiro aqui


O passeio ja começa ao descer na estação de metrô Monplaisir Lumière, toda decorada em homenagem aos irmãos Lumière. A casa que abriga o museu, construida em 1899 para ser a residência da familia, é apenas uma das boas surpresas do passeio. Fiquei encantada com o estilo art nouveau e art déco da casa, que mais parece um pequeno castelo.


Museus de cinema existem no mundo todo, mas nenhum outro, além do de Lyon, exibe itens tão importantes como o primeiro cinematografo da historia - um aparelho capaz de projetar sequências de imagens dando a impressão de movimento, inventado por Louis Lumière. Mas não é so isso. O museu também possui em sua coleção outras grandes invenções dos irmãos franceses, como o autocromo, a primeira técnica industrial de fotos coloridas, muito usada nas fotos da Primeira Guerra Mundial.


Em duas horas é possivel visitar as diversas salas interativas do museu e também as salas de exibição onde podemos assistir a alguns dos filmes mais antigos do cinema. Além disso, o museu/cinemateca possui um jardim lindo que vive cheio no verão, onde estão dispostos painéis que contam um pouco das invenções malucas dos irmãos Lumière.

Mas o lugar mais importante para os amantes do cinema talvez seja o antigo galpão da fabrica da familia Lumière, que fica atras do jardim. Foi exatamente ali, na rue du premier-film, a rua do Primeiro Filme, que foram rodadas as primeiras cenas do cinema, num filme dirigido por Louis Lumière ("A saida dos operarios da fabrica", em português), utilizando o cinematografo. O que resta do cenario original são as vigas de madeira que ficavam no teto da fabrica. No lugar da antiga fabrica, existe hoje uma sala de cinema que exibe durante o ano todo filmes franceses e estrangeiros que entraram para a historia.


Mas o passeio não termina aqui. Para continuar no universo dos irmãos inventores do cinema, sugiro uma pequena caminhada até a Avenida des Frères Lumière para conhecer o mais novo restaurante do Paul Bocuse, o Marguerite. O chef de cuisine francês mais famoso e respeitado do mundo escolheu a chef brasileira Tabata Bonardi para ser a responsavel pela cozinha do seu novo empreendimento.


A casa onde Auguste Lumière viveu com sua esposa Marguerite foi toda renovada para abrigar o restaurante, mas conservou o seu estilo art nouveau (dizem que investiram 3 milhões de euros na reforma). A proposta é revisitar pratos tradicionais franceses; o resultado é uma comida saborosa em um ambiente refinado, mas não a ponto de causar desconforto. Foi por ter comido muito bem la, mas também por ter me sentido tão à vontade, que este se tornou um dos meus restaurantes preferidos em Lyon.

No almoço, um menu com entrada + prato + sobremesa custa 28,60€. No jantar, o menu Lumière sai por 42€. Consulte os menus aqui e lembre-se de reservar antes. 


O meu bairro guarda ainda uma ultima surpresa, que vai fazer você me agradecer por ter te convencido a deixar o eixo turistico do centro da cidade para descobrir pequenas delicias do cotidiano lionês.

Depois de visitar o museu, se não conseguir uma reserva no Marguerite, siga caminhando pela Avenida des Frères Lumière por dois quarteirões, até o numero 174. Não resista ao convite da vitrine discreta e apetitosa do artisan chocolatier François Gimenez. Entre e escolha alguns chocolates para levar ou uma das sobremesas, caso consiga escolher apenas uma. O lugar conta com os talentos do Joffrey Lafontaine, membro da equipe vencedora da Copa do Mundo de Patissêrie em 2013.


Dez minutos de metrô te separam do museu mais importante da cidade, do restaurante mais badalado do momento e dos melhores doces de Lyon. E eu achando que meu bairro era sem graça...




Museu Lumière
Metrô: linda D, estação Monplaisir Lumière
De terça a domingo, das 10 às 18h30
Tarifa: 6,50€

Restaurante Marguerite
57, avenue des Frères Lumière
Aberto todos os dias, das 12 às 14h e das 19 às 22h30
Telefone: 04 37 900 300

François Gimenez
174, avenue des Frères Lumière
Aberto de terça a sabado, das 8 às 19h15 e aos domingos, de 8 às 12h.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

9 coisas para NÃO fazer em Lyon

O que não falta neste blog são dicas de Lyon. Ja escrevi sobre os meus cafés preferidos, sobre museus, expliquei como funcionam as bicicletas publicas e montei um roteiro com nossos cantinhos preferidos sem deixar de fora os principais pontos turisticos da cidade. Uma pesquisa rapida e você sabera o que fazer em Lyon. Mas nenhuma to-do list garante uma viagem redonda. Para evitar dor de cabeça é preciso estar alerta. Saiba, portanto, o que NÃO fazer em Lyon:

1. Não passe apenas um dia na cidade:

Lyon fica a 2 horas de trem de Paris, o que faz qualquer um cair na tentação do "vou bem cedinho e volto no ultimo TGV". Não, caro turista, você não quer fazer isto. Além de muito cansado, você partira com a sensação de ter deixado de conhecer os segredos da cidade. Pelo menos dois dias inteiros é o que eu recomendo para quem vem pela primeira vez.


2. Não se hospede fora do centro: 


Lyon é enorme e, ao mesmo tempo, um ovo. A parte turistica da cidade se resume à Presqu'île e à Velha Lyon. Se hospedar fora dali é ter que pegar transporte e se privar de dar aquela passadinha no hotel depois do almoço. Uma economia que não vale a pena.


3. Não visite a Fête des Lumières no sabado:


Muita gente coloca Lyon no roteiro por causa da Festa das Luzes, a mais importante da cidade e uma das mais bonitas da França. São 4 dias de festa, sempre em torno do dia 8 de dezembro. Evite vir no sabado. Das 3 milhões de pessoas que visitam Lyon durante a festa, pelo menos 1/3 vem no sabado. Caminhar de uma instalação à outra vira um desafio e a noite, que deveria ser de diversão, acaba se tornando um pesadelo! O ultimo dia da festa costuma ser o mais tranquilo.


4. Não economize em restaurantes:


Ir a Paris e não subir na Torre Eiffel - é isso o que você estara fazendo se vier a Lyon e deixar de comer em um bom restaurante. Lyon é a capital mundial da gastronomia, com 14 restaurantes estrelados no Guia Michelin. O unico com 3 estrelas continua sendo o papa da gastronomia, Paul Bocuse. A partir de 150€ é possivel degustar um dos menus do melhor cozinheiro do mundo.

Por bem menos, a partir de 25€, você pode apreciar a cozinha do Christophe Hubert, um jovem chef que ja conseguiu uma estrela para o seu bistronomique L'Effervescence (15, Rue Claudia - +33 4 78 37 23 89). Se a grana for curta, prefira fazer uma refeição mais cara e tomar um lanche na outra ao invés de fazer 2 refeições "mais ou menos".  Lembre-se de reservar com antecedência. A lista de todos os estrelados esta aqui.


5. Não faça compras na Part Dieu:


Francês gosta de fazer compras nas ruas. Dez graus negativos não impedem que eles continuem desfilando seus lindos casacos e botas pelo centro da cidade, olhando as vitrines. Eu, quentinha dentro do carro, não penso outra coisa além de "são todos malucos!". Mas basta chegar na Part Dieu, um centro comercial que eu insisto em chamar de shopping, para entender porque eles fogem dali. Um lugar feio, sujo, com poucas lojas (se comparado aos shoppings do Brasil). Eh quentinho? Sim. Coberto? Também. Vale a pena? De maneira alguma!
 
Para fazer suas compras em Lyon, faça como os lioneses: dirija-se à Rue de la République (onde estão H&M, Zara, Mango), à Rue Edouard Herriot (para encontrar lojas como Dior, Cartier, Louis Vuitton...) ou ao bairro da Croix Rousse para levar presentes originais.


6. Não tome bordeaux:


Deixe este sacrilégio para quando estiver em Paris, que não produz nenhum vinho importante. Em Lyon, aproveite para degustar um dos vinhos da região. Peça um côtes-du-rhône ou um beaujolais, que injustamente leva a fama de ser um vinho ruim por causa do beaujolais nouveau (vinho jovem). Os beaujolais crus são os melhores.


7. Não ande de ônibus Hop-on, hop-off:


Na minha opinião, estes ônibus que fazem tours parando nos principais pontos turisticos são uma boa opção em duas situações apenas: quando a cidade é grande (Roma ou Paris, por exemplo) e o turista não tem muito tempo para ver tudo; ou quando ha dificuldade de locomoção. Como eu disse acima, a parte turistica de Lyon não é muito grande, então, se você não tem problemas para caminhar, dispense o ônibus. O que Lyon tem de mais interessante fica no meio do caminho.


8. Não faça refeições na Rue Mercière:


Não se deixe ganhar pelo charme do lugar. Apesar de ser uma das ruas mais antigas de Lyon e de ter a seu favor uma oferta variada de restaurantes, ela é, gastronomicamente falando, o lugar mais turistico da Presqu'île. Isso quer dizer que eu vou comer mal, Mirelle? Não obrigatoriamente, mas também não garante que você va comer bem - e comer "mais ou menos" na capital mundial da gastronomia é um baita desperdicio!

Depois de ter experimentado quase todos os restaurantes dali e, principalmente, de conhecer dezenas de outros longe de la, os unicos que eu indico na Mercière são o Bleu de Toi (51, Rue Mercière) para moules frites e o L'Epicerie (2, Rue de la Monnaie) para tartines. Dois dos meu endereços preferidos para refeições baratas em Lyon.


9. Não deixe para almoçar/jantar tarde:


"Lyon é uma cidade grande com ares de interior". Bem assim, com voz apaixonada, é que apresento a minha cidade quando algum amigo vem nos visitar. Mas quando me empolgo com os passeios e perco a hora de seguir para um restaurante, desejo que Lyon seja mais flexivel com seus horarios, como acontece nas grandes capitais. Logo me lembro do caos destes lugares e volto a amar Lyon justamente pelo lado provinciano que ela conserva. O jeito é se adaptar: almoços são servidos até umas 14h e jantar depois das 22h30 é quase impossivel. O que sobra são os restaurantes turisticos da Mercière e da Velha Lyon, aqueles que você deve evitar.


No mais, aproveite bem a cidade! Eu poderia dizer que Lyon merece a sua visita, mas acredito que você é quem merece conhecê-la. :)


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